TAP e Azul vão partilhar aviões

O reforço da frota da TAP prometido pelo consórcio de David Neeleman pode implicar a partilha de aviões entre a empresa portuguesa e a Azul, a companhia aérea brasileira detida pelo empresário americano.  

TAP e Azul vão partilhar aviões

O português Humberto Pedrosa e Neeleman, que formaram o consórcio Gateway e ganharam a privatização da TAP, comprometeram-se a adquirir 53 aeronaves para a companhia. Serão novos Airbus e deverão chegar a Portugal entre 2017 e 2025.

Mas, ao que o SOL apurou, o plano de negócios apresentado pelo consórcio abre portas a uma outra forma de reforçar a frota da TAP em períodos críticos das operações: as sinergias com a frota da Azul.

À partida, as operações da TAP e da Azul encerram algum grau de complementaridade – não só em termos geográficos como em termos de picos de actividade ao longo do ano. A Azul opera sobretudo no Brasil, no hemisfério Sul, e tem poucas rotas sobrepostas às da TAP.

O Verão em Portugal é uma das épocas altas para a companhia portuguesa, e esse período corresponde ao Inverno no Brasil, onde o tráfego aéreo no país tende a ser menor.

Neste período de maior tráfego em Portugal, a frota da TAP poderia ser reforçada com aviões da Azul, com menor procura no Brasil. Em sentido contrário, também a frota da Azul poderia ser reforçada em picos de actividade.

Contrato na 4ª feira
Os pormenores sobre os objectivos operacionais do consórcio de Neeleman devem ficar mais claros na próxima semana. O ministro da Economia Pires de Lima anunciou esta terça-feira que o contrato entre o Estado e o consórcio vencedor da privatização da TAP será assinado no dia 24 de Junho.

O consórcio Gateway propôs-se pagar pelo menos 354 milhões de euros pela TAP, mas o montante pode subir para 488 milhões de euros, dependendo do desempenho financeiro da empresa ao longo de 2015.

A Gateway assumirá a dívida da TAP, superior a mil milhões de euros. Já obteve cartas de intenção de entidades financeiras para cerca de 600 milhões de euros da dívida, pelo que o acordo com o Estado deixa implícito que 400 milhões de euros terão ainda de ser renegociados com os credores actuais da companhia.

Apesar de já serem conhecidos estes detalhes financeiros, a proposta operacional de Pedrosa e Neeleman está ainda por desvendar. O consórcio deverá revelar na próxima semana em que novos destinos e projectos quer apostar, para reforçar o crescimento da TAP.

joao.madeira@sol.pt