E tem muito mérito e dou-lhe muito valor, porque não teve a vida fácil e fez-se valer dos seus méritos para provar ao mundo que a vida não se faz só da capa que usamos e do corpo que a genética nos entregou – a vida cada vez mais é dos audazes, dos astutos e persistentes, dos alegres e contentes, dos que não se conformam e se transformam, se superam, dos que resistem às dificuldades, que subsistem às adversidades e se erguem bem alto num grito que os destaca, num brilho que nem todos percebem, alguns não alcançam, mas que os tornam tão especiais.
A gordinha lá do bar tem a sorte de saber que quem aposta nela num emprego é sem segundas intenções, sabe que quando alguém a ama conseguiu ver o tal brilho nos olhos e que quando tem valor tem um carisma diferente, um respeito absoluto de quem reconhece que venceu pelo caminho certo.
Queixava-se a mim, numa dessas noites entre uns copos, uma das miúdas mais giras de Portugal que as pessoas só lhe olhavam para o corpo, que era uma incompreendida, que não a reconheciam pela sua capacidade intelectual, mas apenas pelos seus atributos físicos. Aconselhei-a a não andar todos os dias com decotes até aos joelhos e minissaias que mais parecem cintos largos. Não que faça algum mal ou que de repente ser giro ou magro seja defeito – a mensagem não é essa.
Sejas gorda, magra, gira, feia, alta ou baixa, ignora os que te tentam rebaixar e abriga-te nos que te fazem realmente falta, porque quem faz a diferença és tu, em cada dia, em cada atitude, em cada saída à noite em que a tua postura se destaca, no sorriso na simpatia e na humildade. Não somos o que parecemos, somos o que fazemos. Alguém vai olhar para ti e reconhecer que tu és a tal, mesmo que sejas a gordinha lá do bar!