Dominique Cottrez, de 51 anos, está acusada de oito crimes de homicídio em primeiro grau, agravados pelo facto de as vítimas serem menores de idade. Enfrenta pena de prisão perpétua caso o júri de Douai a considere culpada dos crimes.
A mulher, que tem duas filhas, disse aos investigadores que, ao longo de mais de uma década, engravidou várias vezes e matou todas as crianças à nascença. A obesidade da enfermeira disfarçou as gestações, que foram sempre escondidas do marido e das filhas, assim como de vizinhos, colegas de trabalho e até dos médicos do hospital onde trabalhava.
Dezenas de especialistas forenses, psiquiatras, investigadores da polícia, vizinhos, o marido, as filhas e irmãs da arguida terão de prestar declarações em tribunal.
Cottrez contou aos investigadores que foi violada pelo pai pela primeira vez aos oito anos e repetidamente ao longo da sua infância e adolescência. Já em adulta começou uma relação incestuosa com o progenitor, que manteve mesmo depois de estar casada. A enfermeira confessou que esta relação era consentida e até afirmou ter estado mais apaixonada pelo pai (que morreu em 2007) do que pelo marido.
Uma das primeiras testemunhas a ser chamada a depor na primeira sessão do julgamento, na quinta-feira, é Leonard Meriaux, o homem que comprou a casa de família de Cottrez e descobriu o primeiro cadáver no jardim em 2010. Chamou a polícia depois da descoberta macabra e as autoridades descobriram mais sete corpos na garagem.
Rapidamente os investigadores suspeitaram de Cottrez, que confessou os crimes. À polícia, a enfermeira explicou que nunca tomou contraceptivos ou abortou por ter “fobia de médicos”. Disse também que nunca ficou com os bebés por ter medo que eles fossem resultado da relação com o pai e não do seu casamento. Para a mulher, matar os recém-nascidos passou a ser um “meio de contracepção”, como se pode ler no processo.