Tradição é a Queima das Fitas, não é a queima do gato.

Quanto mais insistem em usar a palavra ‘tradição’ para situações destas, mais esta fica conotada pejorativamente. É tradição torturar touros por lazer, é tradição queimar gatos vivos por prazer. Não, não é. Tradição é um conjunto de costumes que passam de geração em geração e que nos fazem progredir, mas levando consigo as raízes de uma…

Ora, neste caso, é fácil perceber que não há evolução. Em Vila Flor, a barbárie de queimar gatos vivos acontece há anos e anos e só agora se soube. Porquê? Porque estão (são?) tão, mas tão atrasados que só este ano é que alguém de lá descobriu o que é um telemóvel com câmera e internet. De certa forma, até me 'descansa' que este atraso cognitivo e social seja tão grande porque me faz pensar que só descobriram o fogo há uns 10 anos.

O que se passa em Vila Flor é o expoente máximo da mentalidade mínima do país. A tacanhez, o provincianismo, o egoísmo, a preguiça mental e a falta de ambição social e cultural que vemos neste episódio é o mesmo que vemos noutros lados. Vemos em tudo o que envolve touradas no auge da mediocridade humana, vemos na programação de televisão portuguesa e seus reality shows e afins, na chamada música 'tradicional' portuguesa (o bacalhau quer alho?), na cultura dos tachos, das cunhas e do nepotismo, na inimputabilidade de políticos, banqueiros ou gestores desportivos, em todo o lado.

E se tudo isto é tradição em Portugal, que se foda a tradição porque isto não pode ser o nosso país.

Mas assim sendo, infelizmente, a tradição ainda é o que era.

Gente de Vila Flor, acabem já com essa absurda e cruel demonstração de primitividade, sob pena de voltarmos a viver numa caverna.

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