O despertar de Da Chick

Uma brincadeira levou à outra. Em 2009, alguns amigos de Teresa Freitas de Sousa começaram a produzir electrónica e convidaram-na para escrever uma música para um beat que tinham criado. “Completamente a gozar”, a jovem lisboeta fez um tema sobre o seu rabo e ‘My Booty’ acabou por ter uma boa aceitação no Myspace. Incentivada…

Embora o registo fosse contaminado de rap, na altura Teresa já reconhecia no tema “um estilo americanizado, com aquela black talk toda”, próximo do espectro sonoro e vocal que quis aprofundar agora em Chick To Chick, lançado este mês. A “súbita vontade de cantar” e a redescoberta de géneros como o funk, o soul ou o disco, a que antes não tinha dedicado atenção, determinaram a composição do primeiro longa-duração, cuja influência do passado é evidente.

Eleger James Brown como ídolo maior justifica grande parte das opções que abraçou e serve de pista certeira para desvendar o álbum, feito de canções coloridas, com caixas de ritmos e sintetizadores a realçarem o balanço funky e boogie do registo. “Sou muito influenciada pelas primeiras vezes em que as sonoridades foram feitas. O que tento depois é tornar actual essas referências”, diz. Mas foi preciso tempo para ganhar esta consciência. 

Só passado três anos de 'My Booty' é que Teresa editou o EP Curly Mess, onde se incluem apenas três temas. 'Cocktail', o single que promoveu a gravação, foi aprovado pelos seguidores, mas a artista, agora com 26 anos, só se aventurou agora (seis anos depois de ter começado a compor) num álbum completo. “Há quem diga que é um disco tardio, mas só agora me senti preparada para contar uma história com início, meio e fim. Não queria fazer um disco de canções soltas.

Foi uma aprendizagem e sinto que adquiri a minha sonoridade”. A mesma que tomará conta, hoje, da Casa da Música, no Porto, e, em Julho, do festival Super Bock Super Rock, em Lisboa, nos concertos de apresentação do trabalho. 

alexandra.ho@sol.pt