O partido mediático que está na moda

A candidatura Livre/Tempo de Avançar (L/TdA) é o movimento à esquerda do PS que mais acumula apoios de notáveis para as legislativas deste ano. José Mattoso, historiador, é o último a declarar o apoio à plataforma. 

A estrutura para a campanha eleitoral que se segue ainda não está toda montada. Mas a coligação que junta Rui Tavares, Ana Drago e Daniel Oliveira já pode cantar vitória em matéria de seguidores e de atenção mediática, numa espécie de reedição dos primeiros anos de vida do BE, onde militaram e foram eleitos os três fundadores do L/TdA.

Os últimos dias foram de exposição passaram-se fora de portas. As eleições  primárias que escolheram os candidatos a deputados podem ter ficado «aquém das expectativas» em termos de adesão, como reconheceu o  presidente da comissão eleitoral, Luís Moita, mas reforçaram o posicionamento do L/TdA: este é um partido diferente e aberto. A ordem, agora, é para não perder os holofotes. 

E não faltarão oportunidades:  hoje, os subscritores da candidatura escolhem, por referendo interno, o candidato que irão apoiar nas presidenciais. A consulta é vinculativa e arruma um assunto que Rui Tavares considera ser tão importante como as legislativas: «São ambas um ponto de viragem que queremos para o país». A decisão da consulta será consagrada no 3.º Congresso do L/TdA, no domingo,  em Lisboa. 

Drago e Tavares pelo país 

A proximidade entre legislativas e presidenciais obriga a plataforma a alinhar discursos. Nas próximas semanas, o L/TdA vai pôr em marcha várias iniciativas de contacto com o eleitorado (distribuição de flyers e comunicação  nas redes sociais). No final de Julho, será posto a circular em todo o país um jornal da candidatura.  

Embora  a plataforma concentre mais subscritores em Lisboa e no Porto, o L/TdA aposta numa candidatura nacional: apresenta candidatos em todos os círculos eleitorais, incluído Açores, Madeira, Europa e fora da Europa. 

Rui Tavares e Ana Drago foram eleitos para o primeiro e segundo lugares, respectivamente, na lista de Lisboa. Mas os ex-bloquistas não vão ficar só pela capital. Durante a campanha, uma caravana nacional vai percorrer Portugal de Norte a Sul, incluindo Ilhas, com candidatos que podem chegar de todos os círculos eleitorais, consoante a agenda temática para os derradeiros dias de campanha.

Será também na véspera do dia das eleições (final de Setembro ou início de Outubro) que a candidatura – que quer construir uma alternativa à austeridade que inclua o PS – irá jogar os seus trunfos. Ricardo Araújo Pereira, humorista, é um dos apoiantes que irão fazer campanha. 

Ilustres mandatários 

No estudo deste mês da Eurosondagem para o Expresso e a SIC, o L/TdA soma 2% das intenções de voto,  atrás do PDR de Marinho e Pinto, candidato de má memória para Rui Tavares nas europeias. «Não é mau como ponto de partida, mas não é o nosso objectivo», admite ao SOL Daniel Oliveira. E acrescenta: «Se conseguimos este valor quando dizem que não somos conhecidos…» 

O caminho é longo mas faz-se caminhando. Nos próximos dias serão convidados os mandatários distritais da candidatura. Viriato Soromenho-Marques é um dos nomes mais falados para Setúbal (onde Isabel do Carmo é cabeça-de-lista) e Júlio Machado Vaz para o Porto (onde Ricardo Sá Fernandes é candidato no terceiro lugar da lista, depois de Daniel Mota e de Mariana Barbosa). 

Segundo apurou o SOL, ainda não está definido se o L/TdA terá um mandatário nacional, já que a lei não obriga, nem um director de campanha. Daniel Oliveira, que se excluiu das primárias, vai continuar pelos bastidores da campanha, que vai ter uma primeira demonstração de força popular a 11 de Julho, em Lisboa,  num pique-nique  (em vez dos tradicionais comícios) que deverá incluir intervenções políticas. A forma pode ser diferente da dos outros partidos, mas a motivação é a mesma: atrair eleitores.  

ricardo.rego@sol.pt