Mulheres de Ditadores, editado em França em Janeiro de 2011 e depois em Espanha, Itália e Portugal (pela Oficina do Livro, que mandou entretanto recolher os exemplares à venda) aborda as facetas menos conhecidas de antigos Presidentes, como Mussolini, Estaline, Bokassa, Hitler e Salazar. No capítulo que a escritora francesa dedicou ao ditador português, Felícia Cabrita encontrou excertos copiados do seu livro Os Amores de Salazar, editado em 2006 pela Esfera dos Livros – e que inclui uma série de testemunhos e documentos originais até então desconhecidos. A jornalista do SOL fez então uma denúncia-crime ao Ministério Público (MP), que pediu a cooperação das autoridades francesas.
Ducret foi ouvida no inquérito através de carta rogatória: negou ter copiado a obra de Felícia Cabrita, defendendo que apenas se inspirou em Os Amores de Salazar como fonte de informação.
No final, porém, o MP não teve dúvidas: Ducret «utilizou diversos excertos da obra 'Os Amores de Salazar', que reproduziu integralmente ou que alterou, substituindo partes das frases utilizadas por expressões sinónimas». O despacho de acusação apresenta como prova 65 trechos comparados das obras e salienta que, nas notas finais, Ducret limitou-se a referir que os diários íntimos das mulheres de Salazar tinham sido publicados no livro de Felícia Cabrita e que documentos históricos relativos ao ditador, que esta pesquisou, estão «consultáveis nos arquivos nacionais» da Torre do Tombo.
A acusação vai agora ser traduzida para francês e notificada à arguida por carta rogatória. Se esta não contestar, o caso vai para julgamento, sendo que este pode realizar-se sem a sua presença.
paula.azevedo@sol.pt