Assim se explicam tantos divórcios, tantas separações, porque vivemos numa dicotomia de valores em que queremos ser livres mas 'ai de que o nosso companheiro/a faça o mesmo'. Deixámos de ser apedrejados por adultério, perdeu-se o julgamento em praça pública, gradualmente tudo passou a ser normal porque o tempo encarregou-se de desresponsabilizar esse tipo de atitudes.
Dizia-me uma amiga há pouco tempo que tinha acabado a relação com o namorado porque tinham vidas incompatíveis mas era uma pena que ele não pudesse continuar a ser 'amigo colorido' porque era óptimo na cama. Somos cada vez mais uns eternos insatisfeitos e cada vez mais físicos. Uma mistura explosiva que nos leva constantemente a situações de risco. É o abraço à mulher do amigo, a troca de olhares com o marido da amiga, a selfie com a colega de trabalho… A linha é tenue e perigosa e muitas vezes parece que gostamos de colocar "os dedos na ficha" por uma questão de ego e de predisposição sexual.
É essa cultura da diversão sem complexos em que tudo é normal que torna a noite mais susceptível e se a isso lhe juntarmos o álcool em excesso e algumas drogas mais afrodisíacas estão reunidos todos os condimentos para que aquela pequena timidez que nos inibiu de nos insinuarmos a tal pessoa desapareça e uma nova capa de super-homem faça erguer vontades próprias e uma coragem que desconhecíamos existir. É aí que entra a diferença entre liberdade e libertinagem. Sobretudo nos verões quentes como este que agora se inicia.