Os futuros donos do cartaz

No ano passado, quando Sam Smith actuou no palco secundário do festival Nos Alive, já se sabia que o músico britânico estava prestes a tornar-se numa grande estrela da pop mundial. O que ninguém previa foi o que se sucedeu: o triunfo nos Grammys, em Fevereiro, ao vencer as categorias de Melhor Álbum Pop (com…

Depois do júbilo, veio um percalço, com Sam Smith a ser acusado de plágio pelo autor do tema que o consagrou, mas o assunto foi rapidamente arrumado depois de o músico ter admitido a cópia e recompensado o verdadeiro compositor com 12,5% das receitas da canção. O que é certo é que para milhões de fãs o incidente não beliscou em nada o crédito do britânico. Aliás, foi com júbilo que os fãs nacionais receberam a notícia de que, pelo segundo ano consecutivo, Sam Smith regressa ao festival do Passeio Marítimo de Algés, mas desta vez como cabeça-de-cartaz do dia 11 de Julho.

Ascensões meteóricas destas são raras, mas todos os anos o cartaz do Alive tem nomes que, à primeira, não dizem nada, mas tratam-se de potenciais estrelas pop ou grandes pérolas prontas para o mundo as descobrir. 

Raury

Tal como James Bay, o cantor e compositor norte-americano começou o ano como finalista do prémio BBC Sound e ficou em quarto lugar no top das apostas da crítica britânica. Com apenas 19 anos, o que cativa em Raury é a sua voz melodiosa e versátil, bem como o estilo ecléctico da suas canções, que juntam influências do funk, soul, hip hop e folk. Para apresentar ao vivo, o músico ainda só tem o EP Indigo Child, mas no concerto do Alive é provável que revele mais composições originais, desvendando um pouco do que está a preparar para o seu primeiro longa-duração, ainda sem data anunciada de edição.  

Dia 11 de Julho, Palco Raw Coreto

Young Fathers

No ano passado estrearam-se com Dead e o disco rendeu-lhes o Mercury Prize, a distinção mais importante da indústria musical britânica. Mas em vez de dispararem para a fama, como acontece normalmente nestas ocasiões, os britânicos Young Fathers continuaram a ser um fenómeno marginal, vendendo segundo o Guardian pouco mais de duas mil cópias no Reino Unido. White Men Are Black Men Too, o segundo registo da banda, editado em Abril, promete mudar isso. Enquanto na estreia era o hip hop experimental que dominava o som da banda, o segundo registo é um conjunto coeso de canções vibrantes, eufóricas e hiperactivas. O rap continua cá, mas uniu-se ao melhor da pop, da disco e do rock progressivo para um trabalho cheio de momentos exuberantes que não deixam ninguém indiferente.  

Dia 9 de Julho, Palco Heineken

James Bay

A carreira de James Bay ainda agora começou, mas o reconhecimento já é consensual. Em Janeiro foi finalista do BBC Sound, o prémio atribuído pela crítica britânica às promessas musicais do ano. Não ganhou (ficou em segundo lugar), mas a confirmação de que é uma das apostas para 2015 dos jornalistas especializados do Reino Unido surgiu um mês depois ao vencer, em Fevereiro, o Brit Awards Critic's Choice. Dono de uma pop mainstream, as canções 'orelhudas' de James Bay prometem conquistar muitos adeptos. 

Dia 9 de Julho, Palco NOS

Bear's Den

O trio londrino lançou o disco de estreia no final de 2014, Islands, sob o selo da Communion Records, editora criada pelo produtor Ian Grimble (conhecido pelos trabalhos com bandas como Travis e Manic Street Preachers), Ben Lovett (Mumford & Sons) e Kevin Jones (o próprio baterista dos Bear's Den). Tal como os Mumford & Sons (que também actuam no Alive, no mesmo dia), a banda britânica faz da folk a sua génese sonora, com os temas a servirem-se das desilusões amorosas dos seus membros para se criarem ambientes melódicos e introspectivos.   

Dia 10 de Julho, Palco Heineken 

Azealia Banks

A rapper, cantora e compositora norte-americana já é um caso sério de devoção. Usando a seu favor as vantagens do mundo global que a internet possibilita, há já alguns anos que Azealia Banks tem construído uma base sólida de fãs, que tanto a venera pelo lado criativo e estético das suas canções, como pelo tom interventivo ao, por exemplo, assumir abertamente a sua bissexualidade num universo tão homofóbico e misógino como o hip hop. Algumas destas opções estão expostas no seu disco de estreia, Broke With Expensive Taste, lançado em Novembro e que entrou directamente para o top do iTunes em 15 países. 

Dia 11 de Julho, Palco Heineken

alexandra.ho@sol.pt