2. Caros leitores, há que ser frontal e directo: em Política, não há coincidências. Temos para nós que a iniciativa da publicação dos dois livros partiu do próprio Rui Rio que solicitou aos seus dois amigos a escrita dos mesmos. Para quê? Como forma de ir aparecendo mediaticamente, de gerar discussões na comunicação social sobre o seu nome e à volta do seu nome – preparando o caminho para um cargo de poder. Cargo que o próprio Rui Rio não sabe qual é – basta que seja “poder” para apaixonar Rio. E se dúvidas existissem sobre as motivações políticas pessoais de Rui Rio, elas dissipam-se com facilidade se pensarmos na gestão mediática do lançamento dos livros.
3. Com efeito, estamos em crer que Rui Rio planeou com minúcia, ao mais ínfimo pormenor, o impacto político suscitado pelas sessões de lançamento das suas “Raízes de Aço” – só assim se explica que a sessão de lançamento em Lisboa se tenha realizado ontem. Três meses depois da edição do livro e da sua apresentação no Porto! Facilmente se percebe o objectivo: diluição no tempo do impacto do lançamento do livro para prolongar a presença de Rui Rio nos principais órgãos de comunicação social. Até as personalidades escolhidas para apresentar as “Raízes de Aço” (nós achávamos que o homem de aço era o Clark Kent, mais conhecido como Super-Homem…mas não: é Rui Rio, o Clark Kent português!) são pensadas com muito cuidado por Rio: só convida personalidades que integram o seu núcleo político mais próximo ou que já lhe manifestaram em privado o apoio à sua candidatura presidencial ou à liderança do partido ou à junta de freguesia de Ermesinde ou à presidência do Boavista ou à presidência da Associação de Fanáticos dos Pópós ou….enfim…a qualquer coisa. Sim, porque Rui Rio tem talento e perfil para tudo…claro.
4. Bom , posto isto, Pinto Balsemão tinha de aparecer agora a defender Rui Rio para Belém. Não é a primeira vez que Balsemão aparece a meter a sua foice na seara das presidenciais: foi Balsemão que mais consistência deu a uma eventual candidatura de Pedro Santana Lopes. Foi-nos dito, inclusive, que numa das conversas que Balsemão teve com Pedro Passos Coelho terá insistido no apoio formal do PSD à candidatura de Pedro Santana Lopes, alegando que traria vantagens políticas para o nosso actual e próximo Primeiro-Ministro. Passos Coelho, no entanto, não foi na conversa. A nossa fonte chamou, ainda, a atenção para um dado curioso: em 2014, Pedro Santana Lopes desmultiplicou-se em sucessivas entrevistas ao Expresso, à Visão e à SIC – culminando na sua contratação pelo canal de Carnaxide para espaço de comentário semanal.
5. É verdade que muitas vezes não se percebia com clareza o interesse da entrevista a Lopes – mas não sufragamos esta tese do dedo de Balsemão no protagonismo que Santana Lopes teve nas publicações do grupo Impresa. Não temos qualquer dúvida de que as entrevistas resultam de opções editoriais, livres e sensatas, dos nobres e muito competentes jornalistas dessas publicações. Mas Santana Lopes lá tem o seu espaço de comentário semanal na SIC – e já só pensa na presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Que irá ganhar com toda a certeza e mérito, como aliás, nós propusemos há muito.
6. Neste contexto, Balsemão virou-se para Rui Rio. Objectivo: matar já a candidatura mais forte do centro-direita que se chama Marcelo Rebelo de Sousa. É conhecido o ódio visceral que Balsemão nutre por Marcelo – e Balsemão, por questões pessoais, não suporta ver Marcelo com uma vitória política desta dimensão. Portanto, Balsemão tem que enfraquecer o candidato Marcelo: uma das formas é lançar candidaturas alternativas, deixando passar a ideia que Marcelo é uma segunda ou terceira escolha.
7. Por outro lado, Balsemão sabe que provavelmente o resultado das eleições legislativas será um governo de coligação PS/PSD. Ou um bloco central mais disfarçado. O que imporia um candidato de consenso – ou seja, PS e PSD apoiariam um candidato comum. E aí surge com estrondo o nome de José Manuel Barroso que, por razões ligadas ao seu prestígio internacional (como está na moda dizer), passou a ser uma figura grata ao PSD – e muito grata ao PS (é verdade, por incrível que pareça! Mas o PS é assim…). E Balsemão vota em José Manuel Durão Barroso para tudo! É o seu político do coração!
8. E Rui Rio, num cenário de possível mudança de liderança do PSD, sucederia a Passos Coelho. Na cabeça de Balsemão, está, pois, um Governo liderado por António Costa/Rui Rio – e José Manuel Durão Barroso em Belém. Perguntará o leitor mais atento: então, por que razão Balsemão não lançou já Barroso? Simples: Barroso está muito escondido, os seus apoiantes estão muito escondidos, a ver da janela o que sucede na política portuguesa – eles só aparecerão na hora certa.
9. A bem de Portugal, esperemos que não venha a hora certa dos barrosistas. É sinal de que Pedro Passos Coelho continua a ser o nosso Primeiro-Ministro – e Marcelo prepara-se para tomar posse como Presidente da República.