“Olhando para as edições anteriores, há sempre nomes destes. Todos juntos é que é a primeira vez. É uma edição rara por causa disso”, comenta Rodrigo Francisco, director da Companhia de Teatro de Almada e responsável pela programação do festival que este ano conta com 27 espectáculos de sala, 27 de rua, exposições, conferências, instalações que celebram os dez anos do Teatro Municipal Joaquim Benite e um ciclo do novíssimo teatro espanhol.
O reforço de orçamento (passou dos 560 mil euros do ano passado para 769 mil) para garantir um cartaz tão forte, uma afirmação de vigor – “estamos aqui, este é o nosso festival e vamos defendê-lo” – foi possível graças a parcerias com muitas instituições e com outros teatros. “Não é pelo Governo português, porque esse apoio recuou até valores de 1997”. Ainda assim, é um “festival low cost”, que só pode continuar a trazer nomes de referência porque utiliza a estrutura da companhia para os custos fixos e consegue canalizar 60% do orçamento para a compra directa de espectáculos.
“O único critério é que sejam bons. Não gosto de festivais temáticos porque cheira sempre a festival do berbigão e está logo à partida a excluir. O Festival de Almada serve para nos confrontarmos com os melhores, criar um público cada vez mais exigente e não excluir ninguém”. É até numa lógica de “diálogo com a comunidade” que volta a apostar tanto nos espectáculos de rua e no espírito de festa na cidade. “Uma das primeiras memórias que tenho é precisamente de um espectáculo de rua, em 85 ou 86, tinha eu uns quatro anos”.
O mais importante festival de teatro do país tem uma assinatura geral no valor de 70 euros. A programação pode ser consultada aqui.