Com 50% de desemprego, a juventude grega é o grande motor do Não

Ainda é cedo para apontar com rigor o resultado do referendo deste domingo na Grécia, mas as primeiras projecções indicam a vitória do Não e incluem já alguns dados interessantes para análise.

O mais expressivo é o da oposição massiva do eleitorado mais jovem à aprovação do último acordo proposto pelos credores internacionais. De acordo com uma projecção feita pela Antena 1 helénica, 67% dos eleitores com menos de 35 anos votaram Não.

Fonte: twittprognosis

Em sentido inverso, 63% dos eleitores com idade superior a 55 anos votaram Sim.

Fonte: twittprognosis

O que poderá explicar este divórcio geracional entre os helénicos? Os níveis elevadíssimos de desemprego entre os gregos mais jovens poderão ser uma das causas da revolta dos eleitores menores de 35 anos.

Recuperamos então os números do desemprego na Grécia, por faixas etárias, pegando neste gráfico tweetado por Ian Bremmer (fontes: Reuters, Instituto Nacional de Estatística da Grécia):

Em 2014, 50,6% dos jovens menores de 24 anos estavam desempregados. Entre os 25 e os 34 anos de idade, a taxa baixava para 33%. Já os eleitores mais velhos parecem estar mais imunes ao desemprego. Entre os 55 e os 64%, a taxa é de apenas 16,9% – abaixo da taxa nacional de 25,8%.

Apesar dos pensionistas terem sido peça central da campanha-relâmpago para o referendo, com o Governo liderado pelo Syriza a recusar novos cortes para os reformados, os gregos mais velhos censuraram o Executivo de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis no braço de ferro com os credores internacionais. Serão afinal os mais jovens as principais vítimas de anos de austeridade na Grécia.

pedro.guerreiro@sol.pt