O anúncio foi feito anteontem, através de um comunicado de imprensa, que apanhou de surpresa os comandantes da divisão e a própria direcção da instituição, que ontem ainda não tinha sido informada oficialmente da decisão de Anabela Rodrigues.
«É estranho que o MAI, ultimamente, dê a conhecer as suas decisões disciplinares através de uma incomum mediatização no seu site. Os polícias visados tomam conhecimento das suspensões e dos processos pela internet», critica Henrique Figueiredo, presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, lembrando que o mesmo aconteceu em relação ao subcomissário Filipe Silva, punido por ter agredido um adepto benfiquista em Guimarães, à frente dos filhos menores.
«Em época de pré-campanha eleitoral, a ministra tem sido incansável e muito célere nesta matéria, características que infelizmente não tem usado em outras matérias que envolvem a PSP», acrescenta o oficial.
Os agentes foram responsabilizados no âmbito de um inquérito elaborado pela Inspecção-Geral da Administração Interna, que concluiu recentemente o processo, já depois do prazo (de 45 dias úteis) concedido pela tutela.
Recorde-se que os agentes em causa são suspeitos de terem agredido moradores do bairro da Cova da Moura, no concelho da Amadora, no passado dia 5 de Fevereiro. Tudo começou depois de um jovem de 24 anos ter sido agredido e algemado por alegadamente ter apedrejado uma carrinha policial. Indignados com a atitude violenta e desproporcional dos agentes, alguns moradores terão protestado quando, a dada altura, os agentes começaram a disparar tiros de shotgun, dois dos quais atingiram uma mulher que estendia roupa à janela e que sofreu ferimentos na coxa e no peito.
Mais tarde, cinco jovens, alguns dos quais dirigentes da associação cultural Moinho da Juventude, dirigiram-se à esquadra de Alfragide para saber o que iria acontecer ao que fora detido momentos antes. Mas a violência prosseguiu: logo à entrada, um dos agentes disparou dois tiros de shotgun que causaram ferimentos na perna de um dos jovens que se queixam de ter sido violentamente agredidos lá dentro, apesar de nenhum estar armado. Hematomas, escoriações e dentes partidos foram as marcas visíveis do que aconteceu naquela tarde e pelo menos um teve de ser assistido no hospital.
A PSP alegou na altura que estaria em causa uma tentativa de invasão da esquadra e deteve os jovens por resistência e coacção sobre funcionário.
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