Fazendo do Palco Heineken uma festa em torno do hip hop, gospel, soul, electrónica e, até, alusões aos primórdios da música africana, os Young Fathers mostraram bem porque a crítica britânica lhes anda rendida. Alternando a actuação entre canções de “Dead” (disco de 2014 que os consagrou) e o brilhante “White Men Are Black Men Too” (editado no início deste ano), e servindo-se apenas de instrumentais gravados e de um baterista de apoio, o trio parece tomado por uma qualquer espécie de transe (saltam, gesticulam, enfrentam com olhares prolongados a plateia, suam…), com as suas vozes, que têm a abrangência de vários registos, a debitarem canções ora frenéticas, ora selváticas, ora sombrias, ora extremamente dançáveis como ‘Still Running’ e ‘Shame’, que guardaram para o final da actuação.
Quando a actuação dos Yough Fathers terminou, o ‘peso’ dos 55 mil espectadores que esgotaram o dia já se sentia no recinto, com as filas intermináveis na área da restauração e o desinteresse da maioria pelos restantes concertos da noite a confirmarem porque estavam, afinal, todos ali: por causa dos Muse.
Antes de os cabeça-de-cartaz chegarem, houve tempo ainda para ouvir os Capitão Fausto – convocados à última da hora depois de Jessie Ware cancelar a sua actuação, “por motivos de agenda” (?) -, os sempre competentes Metronomy e os delicados Alt-J, promovidos para o palco principal depois de há dois anos terem actuando para um tenda a ‘rebentar pelas costuras’. Foi, como em 2013, um espectáculo muito bonito, cheio de subtilezas na interpretação e no jogo de luzes que criaram, mas a verdade é que a música dos britânicos resulta melhor em espaços mais acolhedores. Mesmo que os fãs da banda (e são muitos por Portugal) tenham comparecido em peso – cantando em uníssono temas como ‘Matilda’, ‘Something Good’, ‘Tesselate’ ou ‘Dissolve Me’ -, o palco principal foi demasiado amplo para um música que pede mais intimidade.
Por fim, lá chegaram os tão aguardados Muse e a euforia instalou-se. Mal o concerto acabou, houve debandada geral, mas quem ficou conseguiu ver os cada vez mais consistentes Django Django, responsáveis mais uma vez por um grande concerto.
Hoje, actuam os Mumford & Sons, Prodigy, Future Islands, James Blake e Róisín Murphy. Amanhã, será a vez dos Jesus and Mary Chain, Sam Smith e Disclosure.
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