Museu do Chiado perde director

«Incompatibilidades insuperáveis» com a tutela ditaram a saída de David Santos. É o terceiro no espaço de ano e meio em ruptura com a tutela.

Na quarta-feira, dia 15, já não será o historiador de arte David Santos a inaugurar a ampliação do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC-MC), uma vez que o até aqui director da instituição pediu esta semana a sua demissão, com efeitos imediatos, do cargo. Ao que o SOL apurou, o que motivou a divergência com a tutela foi o conjunto de obras que vai ser exposto nas novas instalações do museu – cerca de mil –, espólio que o  Estado foi reunindo desde 1975.

Em Setembro de 2013, o secretário de Estado da Cultura decidiu entregar o acervo ao MNAC-MC, de forma a colmatar lacunas do organismo, nomeadamente no que respeita às décadas de 1960 a 1980. Mas, entretanto, Jorge Barreto Xavier decidiu revogar a sua própria decisão, podendo a tutela dar outro destino à colecção quando quiser (contrariando a informação que o SOL escreveu, na sua edição impressa, de que foi a Direcção-Geral do Património Cultural a pedir a revogação).

Na carta de demissão que enviou à DGPC, citada pelo Público, David Santos diz que foi «confrontado» com esta situação pelo director da DGPC, Nuno Vassallo e Silva, e que recebeu ordens directas para omitir de todos os materiais de divulgação da próxima exposição qualquer alusão à integração da colecção no MNAC-MC. Perante a recusa do então director, terá surgido há uma semana a «ameaça» da retirada das obras das mãos do museu, escreve o mesmo jornal.

Contactada pelo SOL, a assessoria de imprensa da DGPC não comenta a situação, confirmando apenas que o pedido de demissão foi aceite, apesar da «direcção estranhar a decisão» de David Santos. O historiador de arte também não quis vir a público aprofundar o assunto, referindo apenas ao Público as «incompatibilidades insuperáveis» com a tutela.

No espaço de ano e meio, esta é a terceira demissão de cargos directivos que a SEC recebe com argumentos idênticos. Em Janeiro de 2014, foi Isabel Cordeiro (na altura à frente da DGPC) a decidir não continuar no cargo devido às «divergências profundas» com a tutela. Um mês depois, foi a vez de a subdirectora-geral do Património Cultural, Anabela Antunes Carvalho, afastar-se e, agora, é David Santos (que, até ordem em contrário, será substituído pelo subdirector da DGPC, Samuel Rêgo).

alexandra.ho@sol.pt