BPI perde valor conquistado com a oferta do CaixaBank

As acções do BPI encerraram na quinta-feira a custar 1,03 euros na bolsa de Lisboa, o que avalia a instituição em 1.500 milhões de euros.

O banco tem estado a perder valor desde que o seu maior accionista – os espanhóis do CaixaBank – desistiu da oferta pública de aquisição (OPA) lançada em Fevereiro. E nas últimas sessões tem negociado abaixo da cotação registada antes de a tentativa de compra ter sido anunciada. Isto significa que o BPI já anulou os ganhos obtidos com o anúncio da OPA e até com a proposta de fusão com o BCP.

O desempenho do banco também não tem sido imune ao impasse na Grécia. Apesar de a exposição do sector bancário português à dívida helénica ser residual nesta altura, as instituições têm sofrido com o sobe e desce dos mercados bolsistas, reflectindo os avanços e recuos da situação grega.

Antes do anúncio da OPA, o BPI estava avaliado em 1.519 milhões de euros, com as acções a negociar a 1,043 euros. O entusiasmo dos investidores fez as acções dispararem para um valor superior ao oferecido pelos catalães. Mas o valor máximo dos títulos acabou por ser registado na sequência do convite dirigido pela Santoro, de Isabel dos Santos, aos conselhos de administração do BPIe do BCP para estudarem uma eventual fusão. No início de Março, o valor do BPI no mercado superava os 2.216 milhões de euros, o que representa 1,52 euros por acção.

Menos 715 milhões

Contas feitas, o banco perdeu mais de 715 milhões de euros desde esse recorde, considerando a cotação de quinta-feira. Assim, o impacto positivo no valor do banco das várias movimentações dos accionistas já desapareceu.

Uma análise à participação dos maiores accionistas evidencia essa perda de valor. Por exemplo, a família Violas Ferreira, o mais antigo e maior accionista português do BPI, aproveitou a OPA do CaixaBank para comprar quase 8,2 milhões de acções, por 10,7 milhões de euros. Hoje, esses mesmos títulos valem menos 2,3 milhões de euros. No entanto, esta é apenas a menos-valia potencial, ou seja, o grupo Violas só perderia dinheiro se vendesse agora as acções. O total da carteira de acções da família vale 38,7 milhões de euros.

A posição dos espanhóis, de 44,1% do BPI, equivale a 661,7 milhões de euros. Já a participação de 18,58% da Santoro tem o valor de quase 279 milhões de euros e a da Allianz, terceiro maior accionista (8,4%), 126 milhões de euros.

sandra.a.simoes@sol.pt