Israel rejeita acordo sobre programa nuclear iraniano

Israel rejeitou hoje o acordo sobre o programa nuclear iraniano, afirmando que o país “não está comprometido” com o documento, informou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, citado pela agência noticiosa EFE.

Após uma reunião de urgência do Gabinete de Segurança de Israel, liderado por Netanyahu, para analisar as consequências do acordo, este foi rejeitado por unanimidade.

O acordo sobre o programa nuclear iraniano entre Teerão e o grupo dos 5+1 (cinco membros permanentes do conselho de segurança da ONU – Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia – e Alemanha) foi hoje assinado em Viena, depois de 21 meses de negociações, num processo que se arrasta há 12 anos.

Numa conferência de imprensa antes da reunião do Gabinete de Segurança de Israel e depois de uma conversa telefónica com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o primeiro-ministro israelita criticou o acordo, que coloca fim a mais de uma década de conflito aberto em torno do programa nuclear iraniano.

Benjamin Netanyahu sempre se opôs a um compromisso em torno do desenvolvimento do programa nuclear iraniano, por o considerar uma ameaça à existência do seu país.

Hoje, ao ser conhecido o acordo, o primeiro-ministro israelita considerou tratar-se de "um erro histórico para o mundo".

"As grandes potências internacionais apostaram o nosso futuro coletivo num acordo com o maior patrocinador do terrorismo internacional. Apostaram que, em dez anos, o regime terrorista do Irão mudará, enquanto eliminam qualquer incentivo para o fazer", declarou Netanyahu.

Segundo o líder do governo israelita, nos próximos, prazo em que o acordo prevê o levantamento de sanções a Teerão, o Irão vai ter tempo para aumentar a capacidade de produzir muitas bombas nucleares, "todo um arsenal nuclear com os meios para o entregar", lamentou o responsável, antevendo que aquele país vai manter o seu programa nuclear.

"Defender-nos-emos sempre", garantiu Benjamin Netanyahu, reiterando o seu compromisso de evitar que o Irão tenha capacidade militar para fabricar armas atómicas.

Outros responsáveis israelitas designaram o acordo como "dia negro para todo o mundo livre", nas palavras do ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman, ou dar "um fósforo a um pirómano", como disse o titular das pastas da Ciência e Tecnologia, Dani Danón.

O objetivo do acordo passa por garantir que o programa nuclear iraniano não possa ser usado para fins militares, em troca do fim das sanções internacionais que prejudicam a economia do país.
Israel é considerada a única potência nuclear do Médio Oriente e não assinou o Tratado de Não-Proliferação das armas nucleares.

Lusa/SOL