Tsipras: o ídolo de António Costa que é o rosto do pesadelo europeu!

1.       Prolonga-se a tragédia grega. Ontem, chegaram até nós imagens deveras preocupantes de manifestações defronte do Parlamento Grego (na ora célebre por más razões, Praça Syntagma): verdadeiros atentados à ordem pública, actos de puro vandalismo, violência indiscriminada que atingiu, inclusive, jornalistas portugueses. O ser humano – já o sabemos – é uma realidade ontológica complexa e,…

2.       Ora, o povo grego encontra-se – não o podemos esconder! – numa situação de desespero angustiante. Desespero pelas circunstâncias económicas e financeiras do Estado, que se repercutem na vida de todos, ou grande parte, dos cidadãos. Desespero, porque a Grécia se encontra num abismo político. Note-se que hesitámos na expressão utilizada: preferimos “abismo”, após ponderarmos à sua qualificação como “labirinto”. Pois, mas julgamos que dizer-se que a Grécia se encontra num labirinto político é eufemístico. A Grécia já não está enredada num labirinto político -a situação já é muito mais grave. O país tentou encontrar a saída por vários caminhos – mas, também, e em boa medida, por culpa própria, não o encontrou. Pelo contrário: foi caminhando, passo a passo, pé ante pé, rumo ao abismo. E aí, nesse abismo, que hoje se encontra. Infelizmente para a Grécia, para os gregos e para a União Europeia. Mas os Estados e os povos têm de perceber de uma vez por todas que as suas opções – nomeadamente, através do voto – têm consequências. E algumas muito negativas, como são as que ocorrem actualmente na Grécia.

3.       Posto isto, como já escrevemos em artigo publicado na última terça-feira no jornal “i”, o principal responsável pelo exacerbar da crise grega tem um rosto: Alexis Tsipras. Tsipras foi o pior que poderia acontecer à Grécia. Com a pirueta que este “Che Guevara” europeu deu ao aceitar o plano de medidas de austeridade proposto pelos credores, Tsipras revelou que a nossa tese estava correcta: Tsipras não quer mudar a Grécia, não quer introduzir reformas significativas, corrigindo vícios, no aparelho administrativo do Estado, não quer lançar as bases de uma economia mais competitiva – Tsipras quer apenas o poder. O objectivo do Primeiro-Ministro grego é conquistar a máquina do poder, substituindo os dirigentes do PASOK e da Nova Democracia por funcionários e agentes afectos o Syriza. O projecto de Tsipras é um projecto de poder – apenas e só!

4.       O que explica a conduta de Tsipras no período subsequente à realização de referendo. O veredicto do referendo foi favorável à posição defendida por Tsipras – aparentemente, legitimando-o a “bater o pé” aos credores, designadamente às instituições europeias. Contudo, afinal, Tsipras fez o contrário. Foi incoerente? Apenas aparentemente. Porquê? Por uma razão muito simples: Tsipras realizou o referendo, apenas e só, para destruir a única oposição minimamente credível, protagonizada por Samaras e a Nova Democracia.

5.       Tsipras quis, pois, reforçar ainda mais o seu poder. Torna-se a força política dominante na Grécia: o sistema político-partidário grego tende para a bipolarização entre a extrema-esquerda (Syriza) e a extrema-direita (Aurora Dourada, neo-nezi). Tsipras surge, assim, como o antídoto, a vacina que separa a Europa de ter o regresso do “partido do terror” ao poder num Estado da União Europeia. Terror esse com origem na Alemanha – e que constituiu o principal trauma histórico (com razão) da Alemanha e dos alemães, os credores mais rígidos da Grécia.

6.       Portanto, Tsipras é um artista. E que artista! É um político que não tem qualquer problema em colocar a sua agenda pessoal, a vingança que que fazer contra a história pela derrota das ideologias que acolheu enquanto jovem – à frente dos superiores interesses da Grécia e do Povo grego! Lamentável. Tsipras quer poder – e não vai largar mão do poder.

7.       Pois bem, caro leitor, já não tem dúvidas: Tsipras é um problema grego e, logo, europeu. Com Tsipras, a Grécia caminhará para o abismo – e logo a Europa sofrerá muito com esta personagem, elevada a ídolo de António Costa. Diz-me quem são os teus ídolos, dir-te-ei quem és. Não se esqueça desta verdade elementar, caríssimos leitora e leitor.

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