Vídeo de sexo embaraça Governo chinês, mas ajuda a promover loja de roupa

A divulgação de um vídeo de sexo, a envolver figuras públicas ou desconhecidos, é uma situação comum, principalmente com a expansão das redes sociais. No entanto, uma gravação de apenas um minuto deixou furiosas as autoridades chinesas, que têm um grande controlo sobre o que está visível na internet.

Segundo vários jornais internacionais o vídeo, filmado num provador de uma loja de roupas, teve milhões de visualizações no Weibo, o ‘Twitter chinês’, e no serviço de mensagens WeChat. Tinha sido publicado apenas na terça-feira, anteontem.
 
As autoridades – a Administração do Ciberespaço da China – trataram rapidamente de remover a filmagem da net, e repreenderam o Weibo e o WeChat, por permitirem a proliferação do vídeo. No entanto o ‘mal’, se é que o havia, estava feito. E o ‘bem’ também, já que o local das filmagens é agora procurado por milhares de curiosos.
 
Primeiro era preciso identificar o edifício. Parecia difícil pelas imagens, de um provador como tantos outros, mas a dada altura, por entre os movimentos e suspiros do casal, ouvia-se uma voz nos altifalantes a acolher os clientes para a loja Uniqlo do centro comercial Sanlitun, em Pequim, a mais importante da marca chinesa de roupa casual.
 
O vídeo acabou por trazer fama acrescida à Uniqlo, que recebe agora naquele local inúmeros curiosos, que tiram selfies à porta da loja ou no seu interior. O provador usado pelo jovem casal para filmar também já foi ‘descoberto’ e é outro local de romaria.
 
Quem não achou mesmo piada foi a Administração do Ciberespaço da China, na prática o departamento que controla a internet no país, que disse que o vídeo é “anti-socialista”. A ACC prometeu ainda um maior apertar do cerco a este tipo de material. Chegou mesmo a lançar suspeitas sobre a Uniqlo, acusando-a de uma estratégia de marketing “vulgar”, mas a retalhista negou ter promovido o vídeo.

emanuel.costa@sol.pt