Na proposta, aprovada pela maioria PSD/CDS-PP com os votos contra da oposição (PS, CDU e movimento independente Ser Cascais) em reunião de câmara, a autarquia considera que a "atratividade do Autódromo do Estoril [gerido pelo Estado desde 2002] foi-se perdendo ao longo dos anos, seja pela falta de investimento, seja pela incapacidade de garantir as principais provas internacionais".
A Câmara de Cascais adianta que tem vindo a receber propostas de interessados em desenvolver "os mais diversos investimentos naquele equipamento, todos eles potenciadores da atividade económica, aumentando a capacidade de atração turística, sendo desta forma geradores de riqueza e de emprego".
Para o espaço (comprado por 4,921 milhões de euros), a autarquia admite a possibilidade de instalar um kartódromo e um autódromo virtual e incluí-lo num museu dedicado ao motor que integre oficinas especializadas em veículos clássicos e contemporâneos.
Além disso, acrescenta a proposta, é ainda possível instalar uma pista dedicada ao ensino, formação e capacitação em segurança rodoviária e testes de segurança, bem como criar um centro de investigação de desenvolvimento da indústria automóvel e das suas formas de interação com as cidades e o ambiente.
A autarquia informa ainda que tem já um entendimento com a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, bem como com a Federação Motociclismo Portugal, para obter os seus contributos na futura programação e dimensão desportiva do autódromo.
A Câmara de Cascais considera ainda que o Autódromo do Estoril será "um potencial centro de excelência para a dinamização de testes para as principais equipas de motociclismo e automobilismo", adiantando que há já várias personalidades dispostas a "fazer a ponte" com instituições internacionais para a captação de provas internacionais.
Para o PS, as intenções previstas pela câmara para potenciar o equipamento "não passam de uma série de sonhos que vai implicar investimentos significativos que não estão avaliados".
De acordo com a CDU, a autarquia pretende "embrulhar um 'flop' que há dezenas de anos atormenta o município" e o negócio pertence à classe dos "negócios cristalinamente escuros".
Já para a vereadora Isabel Magalhães, do movimento independente Ser Cascais, o investimento "em cima da mesa poderá rondar os 10 milhões de euros", um valor "excessivo face a outras situações mais urgentes do concelho".
O vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, admitiu que os valores poderão ainda variar até 2,5 milhões de euros e que a autarquia tem mais dois meses para confirmá-los.
"O grande objetivo é tentar, de uma vez por todas, que o autódromo volte a ter a vida que teve no passado", frisou.
O Autódromo do Estoril foi inaugurado em junho de 1972, como um equipamento que se queria de referência para o turismo em Cascais.
Teve o início do seu período mais dinâmico em 1982 com a inclusão deste circuito no Campeonato FIA F2, o que acabou por, em 1984, abrir as portas ao automobilismo internacional, com o Campeonato do Mundo de Fórmula 1, competição que recebeu até 1996.
Pelo local passaram as mais importantes provas internacionais do automobilismo como o Campeonato de Superturismo de Espanha, o Campeonato do Mundo de FIA GT, o European Le Mans Series, o Campeonato de Espanha de GT e de Fórmula 3.
Também no motociclismo, o Autódromo do Estoril recebeu os campeonatos nacionais de diversos países, bem como as provas internacionais referência na modalidade, incluído o Moto GP e o Campeonato do Mundo de SuperBikes.
Lusa/SOL