Como está a Câmara de Comércio a acompanhar a crise financeira na China?
Acompanhamos regularmente a situação económica e financeira, pelos meios de comunicação social chineses e internacionais e com a Embaixada da China.
Qual a origem desta turbulência?
Já se previa há algum tempo estar a criar-se uma bolha imobiliária de grandes proporções, alimentada pelo crédito facilitado pelo Governo tanto às grandes empresas estatais como à população em especial na compra de habitação. A isso acrescentam-se as grandes obras de infra-estruturas de transporte por toda a China, numa medida de excepcional dimensão a nível mundial.
Mas mais recentemente as dispersões de empresas privadas nas bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong, com grande sucesso, atraíram não só fundos chineses e internacionais mas também muitos milhões de cidadãos chineses. E a queda das bolsas chinesas de cerca de 40% tem sido dramática, apesar de uma pequena recuperação nos últimos dias.
O contexto internacional não ajudou?
Sim. A queda dos preços do petróleo – apesar de ter contribuído para reduzir a conta energética da China – diminuiu bastante a capacidade de pagamento dos países clientes produtores de petróleo e gás, como Angola, Argélia e países do Médio Oriente. E a situação na Grécia criou um efeito psicológico de quase pânico de desvalorização do euro, depois de a economia chinesa ter reduzido a exposição ao dólar dos Estados Unidos em favor da moeda europeia.
Que ecos têm de empresas portuguesas a operar na China?
Não temos ainda conhecimento de dificuldades de empresas portuguesas a operar na China.
Que impacto pode ter uma eventual desaceleração desta economia asiática na economia portuguesa?
A prazo, a desaceleração real da economia chinesa é preocupante para a Europa e para a Ásia. Mas o Governo chinês é muito rápido a tomar medidas internas para suster as crises, como fez quando a economia mundial retraiu em 2008 com a crise do subprime americano, aumentando o consumo interno chinês. Neste momento a nossa ‘crise’ dos vistos gold é capaz de estar a criar maior impacto imediato no imobiliário nacional do que a queda das bolsas chinesas.