SIS atento à violência na campanha

Durante o período de campanha eleitoral é comum o Serviço de Informações de Segurança (SIS) aumentar o nível de ameaça de agentes políticos, sobretudo dos que estão no poder. Mas as acções de campanha que se aproximam trazem preocupações acrescidas para as autoridades. Segundo o SOL apurou, entre os principais receios estão  as manifestações  de…

Mas não se pense que só porque o PSD se vai apresentar coligado com o CDS o nível de ameaça será igual para elementos dos dois partidos.

“Em relação ao PSD não é difícil que isso [o aumento do nível de ameaça] venha a acontecer. Deverá haver muitas manifestações e, com base nisso, é plausível que haja um aumento do nível de ameaça”, explica ao SOL uma fonte ligada ao SIS.

“Os receios para o PSD e para o CDS não têm de ser forçosamente os mesmos. De onde podem vir incidentes mais violentos? Por exemplo, no caso dos prejudicados do BES, quase tudo se vai focar nas manifestações contra o primeiro-ministro e na ministra das Finanças”, esclarece.

A análise do nível de ameaça e as “preocupações acrescidas” não estão apenas fundadas em questões internas. A mesma fonte explica que a situação de outros países, nomeadamente a da Grécia, é um dos factores a ter em conta aquando de uma avaliação desta natureza. 

Nestes casos “atribuem-se números formais [numa escala de um a cinco], mas sempre nos dois últimos níveis”. Além disso, são feitas recomendações às forças de segurança para “o reforço dos meios presentes, sempre que existe uma informação pontual”.

SIS acompanhava em permanência

Há já alguns anos que o SIS não acompanha em permanência as campanhas eleitorais. “Deixou de se fazer um acompanhamento operacional porque as campanhas ficaram menos agressivas”, refere a fonte.

O ponto de viragem coincidiu com os governos de António Guterres. “Passaram a ser mais pontuais, não tanto de uma forma organizada para as campanhas mas apenas quando havia incidentes previsíveis. Por norma eram sempre contra o partido do governo, o que é natural”, esclarece o mesmo especialista.

Mas não é a regra, lembra. “No passado já se colocou o aumento do nível de ameaça também à oposição, nomeadamente, na década de 80 e 90 havia muita pressão nas áreas comunistas sobre os partidos de direita ou mesmo sobre o PS”. Por outro lado, “quando o Partido Comunista ia ao Norte, a áreas mais de direita, também havia preocupações acrescidas por parte do SIS”.

A ameaça, na maioria dos casos, é difusa, explica a mesma fonte adiantando que “é um bocadinho como com as claques de futebol, mesmo que não aconteça nada poderia acontecer”.

As alterações do nível de ameaça são comunicadas às forças de segurança que depois adaptam o dispositivo policial às necessidades. Os serviços de informações  têm definidos cinco graus que são decretados a personalidades ligadas à política. O primeiro nível corresponde a uma ameaça menor e o quinto à mais elevada da escala. Nas últimas viagens que a chanceler Angela Merkel fez a Portugal foi-lhe atribuído pelas autoridades nacionais o grau três, ou seja, existia uma ameaça significativa. Este é o grau que, por norma, é atribuído a políticos com alguma relevância no panorama nacional, como o primeiro-ministro.

carlos.santos@sol.pt