2. Ilusões. A crise grega deixou-me também muito pessimista quanto ao futuro da actual Zona Euro. O euro assentou na ilusão de que regras, controlos e limites seriam um substituto para uma união orçamental e política. A ilusão de que a moeda única poderia funcionar naquilo a que chamei uma ‘união política de facto’ sob a liderança alemã. Em épocas de crise e de sacrifícios vimos que isto não basta. Vimos que as vontades soberanas dos povos gritam por respeito e voz. Sem resolver esta contradição entre a ‘tributação e a representação’ não acredito que a moeda única dure mais 20 anos.
3. O Reino Unido e a UE. A mão pesada (e algo canhestra) com que UE lidou com a Grécia não poderá deixar de ter impacto num povo tão cioso da sua independência como o inglês. Perguntam-se, com razões (mesmo se sem razão), se devem ignorar a história e participar num arranjo europeu tão claramente alemão. No fim, a resposta do referendo será a resultante de um desejo e de um medo: o desejo de permanecer um pólo autónomo num mundo multipolar, e o receio de que o Brexit precipite a independência da Escócia.