CGTP ‘preocupadíssima’ com dados do desemprego

A CGTP afirmou-se hoje “preocupadíssima” com os números do desemprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, considerando que evidenciam um “desemprego estrutural profundamente preocupante” agravado pela “degradação da qualidade do emprego, salários e proteção social”. 

"Estamos preocupadíssimos com aquilo que se está a passar e entendemos que, por mais manipulações ou tentativa de aproveitamento de números, o que importa é ter presente a realidade concreta do país em todas as suas vertentes. Estes números do desemprego, mais a mais divulgados nesta época sazonal em que por norma até é criado algum emprego precário, ao contrário do que o Governo procura fazer crer, não nos satisfazem e muito menos nos deixam descansados", sustentou o secretário-geral da intersindical em declarações à agência Lusa.

Segundo Arménio Carlos, para além dos números do desemprego "há que ter consciência que a maior parte do emprego que está a ser criado é precário e que a precariedade continua a ser uma antecâmara do desemprego".

"Uma parte dos trabalhadores que agora foram contratados daqui a poucos meses, quando terminar esta época de sazonalidade, corre o risco de voltar novamente ao desemprego ou de ser inserido em programas de estágios ou outros, precisamente para manipular as estatísticas do desemprego e para procurar dar a ideia que as coisas estão a melhorar", sustentou.

Contudo, alertou, aquilo a que se assiste é "não só a um desemprego estrutural que é profundamente preocupante, como a uma degradação da qualidade do emprego e dos salários e da proteção social, que é ainda mais preocupante".

"Não se tem em consideração que temos cerca de 1,3 milhões de pessoas que estão desempregadas ou subocupadas: os desempregados oficiais; as dezenas de milhares de pessoas que, estando desempregadas, estão inseridas nos contratos emprego inserção; as dezenas de milhares de estagiários dos quais mais de dois terços não se fixa na empresa; os inativos e os desencorajados", afirmou Arménio Carlos.

Adicionalmente, sustenta, "é preciso não esquecer as cerca de 500 mil pessoas que, nos últimos cinco anos, abandonaram o país e deixaram de constar dos números", assim como o facto de "mais de metade dos desempregados neste momento não receberem qualquer tipo de proteção social".

A taxa de desemprego manteve-se inalterada em junho face a maio, nos 12,4%, segundo a estimativa mensal hoje divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

"A estimativa provisória da taxa de desemprego para junho de 2015 situa-se em 12,4%, mantendo-se inalterada em relação à estimativa definitiva obtida para maio de 2015", refere o INE.

Segundo o instituto estatístico, a estimativa provisória da população desempregada para junho de 2015 foi de 636,4 mil pessoas, enquanto a estimativa provisória da população empregada foi de 4.492,7 mil pessoas, mantendo-se ambas "praticamente inalteradas" em relação ao mês anterior.

Lusa/SOL