Tsipras afirma que nunca houve ‘plano B’

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou hoje que nunca houve um ‘plano B’ para sair do euro mas sim planos de contingência para enfrentar uma situação de emergência resultante de uma hipotética saída forçada pelos credores. 

"Nunca tivemos um plano de saída do euro e nunca elaborámos tais planos", afirmou Tsipras em resposta a uma interpelação no Parlamento formulada pela oposição social-democrata sobre o denominado 'plano B' desenhado pelo ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.

Tsipras reconheceu que houve planos de "emergência", que o Governo "devia ter" e que a oposição "deveria criticar se não os tivesse".

Com estas afirmações, Tsipras quis clarificar que a intenção do Governo nunca foi sair do euro, mas procurar fórmulas para enfrentar problemas de liquidez no caso da manutenção pelos credores de uma política de asfixia.

O próprio Varoufakis tinha insistido nos últimos dias que o seu 'plano B' não estava destinado a preparar a saída da Grécia do euro, mas apenas enfrentar os problemas de liquidez do Estado e do sistema bancário gregos em caso de necessidade.

Os planos incluíam o acesso a dados fiscais de cidadãos e empresas para criar um sistema alternativo de pagamentos que permitisse cancelar dívidas através da emissão de cupões (IOU, nas siglas em inglês de 'I owe you', em português: eu devo-te) que poderiam ser utilizados por exemplo para pagar impostos, explicou Varoufakis num artigo publicado esta semana no diário britânico Financial Times.

O chefe do Executivo grego fez estas declarações na sessão de perguntas ao primeiro-ministro em resposta ao líder do partido social-democrata Pasok, Fofi Genimatá.

"O senhor devia acusar as instituições (credores) de (fazerem) planos de 'Grexit' (saída do euro) e não o Governo", sublinhou Tsipras.

Tsipras defendeu que é a Comissão Europeia que tem desde há muito tempo um plano alternativo preparado para a saída da Grécia do euro, "como reconheceu (o presidente da CE, Jean-Claude) Juncker", e adiantou que a Alemanha tem o "seu próprio plano" que continua em vigor.

"Recordo-lhe ainda as referências a 'planos B' do presidente do Eurogrupo (Jeroen) Dijsselbloem, ou do ministro das Finanças eslovaco", continuou Tsipras.

"Não só tínhamos o direito a elaborar um plano de urgência, como também a obrigação", concluiu Tsipras.

O primeiro-ministro reconheceu que foi o próprio quem deu a ordem ao então ministro das Finanças para elaborar programas de contingência. "Era meu dever dá-la (a ordem)", concluiu.

Desde terça-feira, Atenas está a negociar, numa nova 'corrida contra relógio', com os credores o terceiro resgate, que se prevê que seja de até 86 mil milhões de euros e a três anos e cujas condições o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, espera melhorar.

Segundo o ministério das Finanças grego, as negociações estão a decorrer num "ambiente muito bom" e "fluido".  

Apesar da existência de numerosos obstáculos, os credores bem como Tsipras querem concluir as negociações antes de 18 de agosto para evitar um novo empréstimo intercalar, que seria necessário para fazer frente a pagamentos devidos pela Grécia ao Banco Central Europeu (BCE).

Lusa/SOL