"Há da minha parte sempre um sentimento de que, no último momento, ainda poderá ser encontrada uma via para ultrapassar a situação que, neste momento, é bastante inquietante", referiu.
Trovoada falava à saída de um encontro da comunidade internacional com o Presidente da Republica, José Mário Vaz, e em que, apesar dos apelos ao diálogo, este deixou pouca margem de manobra.
"Saio muito apreensivo. Não se pode prever o que poderá acontecer nos próximos tempos", acrescentou.
O representante da ONU referiu que a situação "pode pôr em causa a contribuição maciça que estava prevista para a Guiné-Bissau" por parte da comunidade internacional – que em março anunciou intenções de investimento da ordem de mil milhões de euros.
"Mas também reconhecemos que as autoridades deste país são autoridades legítimas, eleitas. Elas é que detêm a legitimidade para resolver os problemas do país", concluiu.
Apesar dos apoios generalizados ao Governo liderado por Domingo Simões Pereira, dentro e fora do país, o Presidente tem alegado a necessidade de o derrubar por ter dificuldades de relacionamento com o primeiro-ministro, por estar afastado da gestão de fundos e ter dúvidas em relação a alguns governantes e políticas, segundo referiram à Lusa diplomatas e representantes das diferentes forças que Vaz tem auscultado.
Numa declaração ao país, na quinta-feira, o primeiro-ministro transmitiu a ideia de que fez tudo o que era possível para se aproximar das pretensões do chefe de Estado, mas concluiu que Vaz tem "uma intenção deliberada de provocar uma crise para justificar a decisão de destituição do Governo".
Para esta tarde está agendada uma reunião do Conselho de Estado da Guiné-Bissau em que o assunto estará em discussão.
Lusa / SOL