Numa resposta detalhada às recomendações da Agência Europeia de Segurança Aérea (AESA), o sindicato critica ainda a proposta de submeter os pilotos, sem aviso prévio, a análises ao sangue por drogas e álcool.
Incumbida pela Comissão Europeia, a AESA publicou em julho um relatório com recomendações de segurança com o objetivo de evitar as circunstâncias que permitiram ao copiloto da companhia Germanwings Andreas Lubitz despenhar propositadamente contra os Alpes franceses o avião que pilotava em março, matando 150 pessoas.
O sindicato, que representa os pilotos de todas as companhias do grupo Lufthansa (Lufthansa, Germanwings, Swiss Airlines e Austrian Airlines), concorda com as sugestões que preveem melhores avaliações psicológicas aos pilotos.
"A criação de uma rede de apoio aos pilotos com dificuldades é uma evolução positiva", refere o comunicado do sindicato, que cita o seu porta-voz, Markus Wahl.
"Só desta forma podemos garantir que os afetados [por problemas psicológicos] deixem de esconder os seus problemas, e procurem ajuda", acrescenta o documento.
Por outro lado, a organização discorda da obrigatoriedade da presença a todo o momento de um segundo membro da tripulação na cabine, preconizada pela AESA e aplicada voluntariamente por várias companhias europeias após o acidente de março.
O sindicato denuncia também as análises ao sangue sem aviso prévio desejadas pela AESA uma vez que estas "colocam 'a priori' suspeitas nos pilotos", e por nenhum estudo ter estabelecido relação entre o uso de drogas ou álcool e o acidente de março.
Estas recomendações, que Bruxelas poderá tornar obrigatórias, "não remediam de nenhum modo o problema, e poderão mesmo revelar-se contraproducentes", defende o porta-voz, avisando que a regra de uma segunda pessoa na cabine comporta "riscos" que não justificam os ganhos de segurança.
Segundo o sindicato, a regra não impede um ato premeditado como o de Andreas Lubitz, pois um cenário em que a segunda pessoa é cúmplice não pode ser excluído.
A presença de um segundo membro da tripulação aumenta ainda a previsibilidade da abertura da porta blindada da cabine durante o voo, e as companhias aéreas não têm cumprido a promessa de aumentar o número de tripulação de bordo necessária para pôr em prática a medida, defende a organização.
O sindicato insiste ainda na preservação do segredo médico, face à proposta da AESA da criação de uma base de dados europeia de partilha das informações médicas dos pilotos.
Lusa/SOL