Incendios. Um ano ‘mais perigoso que 2003’

Investigador diz que as condições climatéricas são piores que as do ano em que arderam 400 mil hectares. Mas a capacidade de resposta melhorou muito.

Este é um «ano grave e severo» no que diz respeito aos incêndios florestais. O aviso é do coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra, Xavier Viegas. «Acompanhei de perto os incêndios de 2003 [em que arderam mais de 400 mil hectares (ha)], de 2005 [cerca de 340 mil ha] e de 2013 [150 mil ha]. Este é um ano pior do que o de 2003 em termos climáticos» –  avisa o investigador, notando, porém, que houve uma melhoria considerável na resposta das autoridades ao número de ignições. «Apesar do número considerável de incêndios ateados nos últimos meses, a maior parte é controlada nas primeiras 24 horas. Há bastante mais recursos, estão mais bem enquadrados e há uma maior capacidade de resposta», congratula-se ainda o investigador, salientando que «até ao momento não se registam quaisquer vítimas, o que significa que há um reforço na segurança e que a maior parte dos bombeiros tem os novos equipamentos, certificados». O fundamental sublinha ainda Xavier Viegas, «é preservar a segurança das pessoas e saúdo as autoridades porque isso tem acontecido».

A visão do especialista está em linha com a do comandante nacional da Autoridade da Protecção Civil (ANPC): «A segurança é a nossa prioridade», asseverou ao SOL o responsável, lembrando que «80% do país está em seca extrema ou severa, o que leva a que haja um estado de prontidão do combustível [mato, ervas] enorme». Segundo o último balanço provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, só nos primeiros 10 dias de Agosto arderam nove mil hectares de floresta, ou seja, quase metade da área ardida em todo o ano passado (19.696 hectares). Até 31 de Julho, data do último relatório provisório do organismo, arderam 28.781 hectares.