2. A primeira observação que importa fazer é que a mobilização para o Pontal se revelou um enorme sucesso. As imagens televisivas do evento foram muito impressivas com as mesas animadas e repletas; pessoas presentes, até para além da área destinada ao Pontal a aplaudirem os discursos de Passos Coelho e Paulo Portas (até nas varandas das casas, imagine-se!); Paulo Portas e a Ministra das Finanças aos beijos e abraços, o que é uma imagem forte para apagar ou fazer esquecer o episódio do irrevogável. Enfim, há paz, confiança, motivação e alegria realista entre as hostes da coligação Portugal à Frente. Há motivos para tamanha alegria e confiança? Bom, é uma alegria realista e contida. Uma alegria dada pela consciência tranquila de que o Governo PSD/CDS tudo fez para salvar Portugal da bancarrota – e começar as sarar as inúmeras feridas no nosso tecido económico e social provocadas pelo PS. Pelo PS liderado por José Sócrates e António Costa.
3. A alegria da coligação é uma alegria de trabalho cumprido e uma alegria de esperança. Esperança no nosso futuro colectivo. Esperança nas qualidades, nas capacidades, da vontade transformadora de cada português. A esperança e o projecto de futuro da coligação contrastam claramente com o caos, com as divisões, com a falta de liderança do Partido Socialista. O Partido Socialista está preso ao passado – em parte por opção; em parte, porque ainda não se conseguiu libertar do trauma da sua trágica experiência governativa entre 2005-2011. O PS precisa de um longo tratamento de psicanálise política. O PS precisa de se reinventar. Por isso, os portugueses têm de fazer um favor aos socialistas: condená-los à oposição mais uns quantos anos.
4. Por conseguinte, os discursos de Passos Coelho e de Paulo Portas acertaram na “mouche”, ao salientar as seguintes ideias-chave:
1) O Partido Socialista, no seu programa, (que ao contrário do que Costa refere não segue o cenário macroeconómico em muitos pontos – mas até agora ninguém confrontou Costa com esse pequeno pormenor) propõe regressar a soluções que já provaram erradas;
2) O Partido Socialista recusa-se a colaborar com o PSD e o CDS (os dois partidos estruturantes da democracia portuguesa) na resolução do problema da sustentabilidade da Segurança Social. Em alternativa, o PS quer, sozinho, levar à privatização, total e descarada, da Segurança Social. Ou seja: o PS está muito à direita do PSD!
3) O governo PSD/CDS assegurou o futuro de Portugal. O nosso futuro; o futuro dos nossos filhos; o futuro dos nossos netos. Porque, antes de salvar e aperfeiçoarmos o Estado Social, temos de salvar o Estado. Sem Estado, não há sociedade politicamente organizada. Só o caos, a caminho da selva, da lei do mais forte. Foi o trabalho de Passos Coelho e de Paulo Portas que salvaram o nosso Estado do caos e os portugueses do desespero. Infelizmente, o Povo grego não teve a sorte de contar à frente dos seus destinos colectivos alguém tão responsável e dedicado ao interesse público como Pedro Passos Coelho, com o contributo decisivo e muito relevante de Paulo Portas. Tiveram outra sorte, que é o mesmo que dizer, tiveram o enorme azar de ter a esquerda irresponsável, demagógica e populista a liderar os seus destinos. Esquerda irresponsável que mereceu o aplauso de António Costa, como certamente o nosso estimadíssimo leitor se recordará.
5. A coligação Portugal à Frente está, por todas as razões já aqui enumeradas, no bom caminho para derrotar o Partido Socialista. Dizem-nos que, em breve, surgirão sondagens em que os socialistas caem, sem margem para dúvidas, para a segunda posição. Passos Coelho e Paulo Portas já encaram a sua vitória como o cenário mais provável: Passos pediu mesmo aos portugueses uma maioria absoluta para governar só a pensar nos interesses superiores de Portugal – e evitar dispersar a sua atenção por politiquices, por questões de mero arranjo partidário.
6. Devemos, no entanto, alertar para o facto de o discurso da coligação se apresentar como demasiado curto para chegar à maioria absoluta. Apelar à segurança e ao repúdio dos portugueses de voltar atrás, voltar aos tempos da irresponsabilidade e governação trágica dos socialistas, não é suficiente para a maioria absoluta.
7. Para chegar à maioria absoluta, a coligação tem de alargar o “espaço vital” do seu eleitorado, chegando a uma franja do centro-esquerda. E este discurso de apenas salientar o que já foi feito, de enaltecer os serviços mínimos- é manifestamente insusceptível de congregar o apoio da maioria alargada do eleitorado.
8. Será que Passos Coelho aparecerá, em breve, com uma nova abordagem e um discurso mais virado para o futuro? Uma certeza: ainda é possível Passos Coelho e Paulo Portas chegarem à maioria absoluta. Mas têm de trabalhar para o merecer na recta final da campanha eleitoral.