Estava de férias no Brasil quando teve a ideia de se estrear em vídeo? Vivia lá? Nada disso, Fenom – como é conhecido pelos seus quase três milhões de fãs, os ‘fenoninhos’ – não arredou pé da sua casa nos subúrbios de Lisboa.
Afinal, foi virtualmente que começou no outro lado do Atlântico. Durante o secundário passava as tardes a jogar e pertencia a um fórum de jogos online onde conheceu o brasileiro Eduardo Faria que em Maio de 2011 decidiu criar um canal no YouTube. E convidou o amigo para aparecer.
“Originalmente participei nos vídeos dele e via que muitas pessoas queriam que eu estivesse de alguma forma no YouTube, que partilhasse as minhas próprias coisas. Assim, também criei o meu canal”.
Cinco meses depois, Miguel ‘Feromonas’ Campos estreava-se no site de partilha de vídeos. E para o público brasileiro.
O canal de Faria chama-se VenomExtreme e está no número 5 do top do Brasil, com mais de 4 milhões de subscritores e acima de 600 milhões de visualizações dos cerca de 1.300 vídeos que já publicou.
Feromonas fica-lhe um pouco atrás, mas com números impressionantes para um youtuber português: 2,7 milhões de subscritores do canal e perto de 400 milhões de visualizações dos 1.978 vídeos que publicou nestes quatro anos. Tirando a média a estes números, cada vídeo que o mostra a jogar vários tipos de jogos de vídeo – e que acompanha de comentários “alegres, malucos e divertidos” na definição de Ricardo, um fã de 9 anos – é visto 200 mil vezes.
Uma definição que agradaria a Fenom que, mais do que um gamer (jogador de videojogos), se considera um entertainer e se diverte muito com o que faz.
“Tentei fazer o que mais gostava, que era divertir-me e divertir os outros. No dia em que considerar o YouTube a minha profissão e isto se transformar numa obrigação a qualidade vai cair”.
O seu êxito não teria acontecido sem o Brasil, porque ainda são os seus admiradores do outro lado do Atlântico que lhe garantem parte importante do sucesso.
Fala em português de Portugal, com expressões brasileiras e inglesas à mistura. A habituação à sua maneira de falar – que costuma ser um argumento para a falta de sucesso dos portugueses no Brasil – foi um processo gradual, mas hoje há fãs que comentam o quanto gostam do “sotaque do portuga”.
“Metade, um pouco mais de metade [da audiência do canal] vem do Brasil. Em Portugal, assistir a este tipo de vídeos é uma tendência que ainda está a crescer e ultimamente tem gerado imenso público. Mas no Brasil é uma coisa gigante”.
Aos 23 anos, Miguel publica para uma audiência que em média tem entre 7 e 14 anos. Todos os dias, sete dias por semana, praticamente 365 dias por ano, carrega vídeos no YouTube, em regra dois. Duram entre 6 e 15 minutos, mas demoram 3 a 4 horas a editar e produzir, o que corresponde a um dia de trabalho. E com o seu público-alvo em mente, tem cuidado com as imagens que publica e com o que diz.
“Os pais agradecem-me imenso por manter o conteúdo para todas as idades e é óptimo ter a sua aceitação. Outra coisa que quis demonstrar foi que para ter piada não é preciso dizer palavrões a cada cinco segundos ou estar a insultar pessoas”.
Miguel está a estudar Redes de Comunicação, o YouTube garante-lhe rendimentos para se sustentar e decidiu ficar em casa dos pais – o pai é presença regular nos seus vídeos – porque sem ajuda nas tarefas de casa não teria conseguido.
Entretanto, já participou em dois livros sobre Minecraft (um dos mais populares videojogos, criado na Suécia e recentemente comprado pela Microsoft), que acaba por ser o que mais joga e o que tornou Fenom famoso. E publicou no início do Verão O Livro do Feromonas – 30 Desafios Fenonásticos Para Partilhares nas Redes Sociais que no final do ano será também publicado no Brasil. Os desafios são umas brincadeiras malucas, com o seu toque, como, por exemplo, comer rebuçados de sabores que vão de ‘fralda suja’ a morango.
Adora o que faz e diz que vai tendo novas oportunidades, que é o que procura na vida. Sobre o futuro, explica que além de engenheiro informático gostava de continuar entertainer.
“Se há cinco anos me dissessem que podia ganhar dinheiro a jogar e produzir jogos eu achava ‘tás maluco, em Portugal é impossível!’. Isto é um sonho tornado realidade”.