No primeiro dia de dois dias de greve dos trabalhadores da Groundforce, o líder da CGTP, que esteve presente no aeroporto internacional de Lisboa, na Portela, disse se está perante “uma praga que invadiu o país, que é a praga do desemprego, da precariedade e dos baixos salários” e sublinhou que o que se verifica nos aeroportos de Portugal é um exemplo disso.
“Temos [no aeroporto internacional de Lisboa] centenas de trabalhadores com situações de precaridade a ocupar postos de trabalho permanentes, temos centenas de trabalhadores a ganharem pouco mais de 500 euros, quando são o primeiro rosto para os turistas que nos visitam”, lamentou o dirigente sindical.
Além disso, realçou o facto de se estar, também, “a desvalorizar o trabalho e a negar a contratação coletiva”.
“Nós não podemos de forma nenhuma permitir esta situação”, salientou.
Num dia em que o movimento de pessoas e bagagens no aeroporto internacional de Lisboa é intenso por se estar no final de agosto, havia diversas filas de passageiros que procuravam fazer o ‘check-in´, ver nos painéis eletrónicos as horas de partida dos voos e aceder aos diversos serviços num o ambiente sem grandes perturbações.
Na ocasião, Arménio Carlos referiu ainda que “não há futuro para o país se se continuar a apostar no modelo de baixos salários, trabalho precário e desqualificado que é, na prática, aquilo que as propostas do PSD/CDS e, simultaneamente, a que o PS não dá resposta nas propostas que apresentou nestas matérias”.
“O recurso ao trabalho temporário sistemático tem como finalidade manter a precaridade e pressionar os salários para baixo”, advertiu o líder sindical, lembrando que “acentua as desigualdades, empobrece os trabalhadores e aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres”.
A CGTP acredita que no dia 4 de outubro, data das eleições legislativas, “é um bom momento” para que os trabalhadores e a população em geral deem "um sinal para um novo rumo ao país”, o mesmo é dizer, segundo Arménio Carlos, que “rompam com esta política, uma praga e um pesadelo que invadiu o país”.
A adesão à greve dos trabalhadores da Groundforce rondava os 90% em Lisboa e os 75% no Porto, pelas 11:30 da manhã, causando atrasos nos voos e acumulação de bagagens nestes dois aeroportos, disse à Lusa fonte do sindicato.
De acordo com o primeiro balanço feito à Lusa pelo dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), Fernando Henriques, em Lisboa “a adesão ronda os 90% na placa e nos terminais e os 60% na área dos passageiros”.
No aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, “a adesão ronda os 75%, com algumas áreas nos 90%”, nomeadamente, nos passageiros e nas placas do aeroporto, indicou o dirigente.
Entretanto, contactada pela Lusa, fonte da ANA afirmou que “esta greve não está a causar qualquer impacto operacional até ao momento”, contrariando assim o primeiro balanço efetuado pelo sindicato.
A Lusa contactou também a Groundforce, segundo a qual esta greve “não está a ter nenhum impacto” nos aeroportos, quer de Lisboa, quer do Porto.
“Não há atrasos, nem cancelamentos, nem bagagens em terra. Está tudo a decorrer dentro de um dia normal, em pleno mês de agosto”, assegurou a mesma fonte.
Os trabalhadores da SPdH – Serviços Portugueses de Handling (Groundforce Portugal) contestam a "postura de desrespeito" da empresa de assistência em terra e reivindicam a revisão dos horários de trabalho e dos salários e o fim da precariedade laboral.
A empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Funchal e Porto Santo é detida em 49,9% pela TAP e em 50,1% pela Urbanos.
Os trabalhadores da Groundforce estiveram em greve do dia 31 de julho.
Segundo o SITAVA, a greve deste fim de semana abrange também os trabalhadores das cinco empresas de trabalho temporário que prestam serviço de handling – Adecco, Cross Staff, Multitempo, Inflight Solutions e RH Mais.
Lusa / SOL