Esta adesão em massa já gerou quase dois milhões de receitas brutas, superando o orçamento total do filme de um milhão. É fácil concluir a rentabilidade do projecto, mas as contas não são assim tão simples. Os ganhos de bilheteira são repartidos, em percentagens diferentes, entre os exibidores, a distribuidora e a produtora. Daí que, até que um filme dê lucro a quem o financia, há muita contabilidade envolvida.
Gandarez prefere falar de outros cálculos, destacando os pormenores que fazem deste filme assinado pelo realizador Leonel Vieira um “projecto especial” no panorama do cinema nacional. “Tínhamos este sonho de voltar a filmar os clássicos, até porque embora em Portugal o remake seja um género com pouca tradição, é bastante comum em mercados fortes como França e EUA”, comenta, sublinhando que é bom constatar que, apesar da “reacção muito negativa da crítica”, o cinema português afinal também tem público. “Esta terça-feira ficámos à frente do Missão Impossível. Só nos podemos orgulhar”.
Além do género, a produção adoptou outras muletas hollywoodescas como o product placement através de parceiras com os CTT (que esgotaram os ‘bilhetes família’ que tinham à venda) e a Sagres. Não é por acaso que há um carteiro na história e as cervejas ‘mini’ são recorrentes. É este o caminho que a produção cinematográfica nacional deve adoptar? “Não havendo apoios, é preciso arranjar financiamento. O que fizemos foi cativar marcas para o projecto da mesma maneira que os festivais de música fazem”, diz, reforçando que o sucesso d’O Pátio das Cantigas pode ser uma oportunidade para as empresas privadas olharem para o cinema português de outra forma.