No último dia para a apresentação de contas semestrais e a cerca de duas horas de terminarem as negociações entre o Banco de Portugal e a Anbang para a compra do Novo Banco, a instituição que herdou os activos saudáveis do Banco Espírito Santo (BES) reporta um prejuízo de 251,9 milhões de euros de Janeiro a Junho.
Em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o banco de transição justifica uma parte significativa do prejuízo com o impacto de operações com grandes clientes do antigo BES.
“O resultado financeiro foi afectado negativamente pela anulação contabilística de juros de grandes operações no montante de 103,2 milhões de euros”, justifica o documento.
As contas da entidade liderada por Eduardo Stock da Cunha reflectem ainda outros factores de natureza extraordinária, como a imparidade na participação da Pharol – antiga PT SGPS – (no valor de 55,4 milhões de euros), reavaliação de passivos, provisões para outros activos e contingências (59,4 milhões de euros) e custos com reformas antecipadas e indemnizações (7,6 milhões de euros).
“Excluindo os factores de natureza não recorrente, o resultado apurado foi negativo em 188,9 milhões de euros”, adianta a instituição.
Entre os aspectos mais relevantes da actividade, a gestão do Novo Banco destaca a “recuperação, neste semestre, de 2,3 mil milhões de euros da carteira de depósitos o que constitui a demonstração da confiança dos clientes no Novo Banco e a retoma da normalidade operacional”, refere o comunicado.
Provisões atingem 272 milhões de euros
A melhoria expressiva da liquidez e a redução em cerca de 10% dos custos operacionais são indicadores favoráveis num semestre em que as provisões (almofadas financeiras para fazer face a imprevistos) atingiram 271,6 milhões de euros.
Estas provisões reflectem o reforço dos níveis de cobertura no crédito a clientes e o “reconhecimento de imparidades para toda a carteira de títulos, em que assumiu especial relevância a desvalorização da participação na Pharol SGPS e na Oi”.
Nos primeiros seis meses do ano, o Novo Banco prosseguiu com o esforço de desalavancar a actividade, reforçando a sua aposta no apoio às pequenas e médias empresas e particulares.
O Novo Banco registou uma redução de 133 colaboradores, em base individual, e de 195 empregados considerando a totalidade do Grupo.