Mais de 300 professores do distrito de Bragança pediram condições específicas por motivo de doença, o que lhes permitiu serem colocados mais próximo de casa e faz deste ano letivo recordista da chamada mobilidade especial.
Alguns dos professores que acabaram por ser colocados mais longe de casa ou ficaram sem colocação por os lugares serem ocupados pelos destacados manifestaram-se hoje, em frente à Escola Emídio Garcia de Bragança, falando de "injustiça".
"Quando há um surto destes, em primeiro lugar é verificar qual é a calamidade, qual é a epidemia que se passa, que é uma epidemia, se calhar, forjada e imaginada por algumas pessoas por interesses pessoais", afirmou Nuno Alves.
Este professor do primeiro ciclo com 51 anos de idade e 21 em sala de aula reside em Bragança e foi colocado em Mogadouro, a 80 quilómetros de casa, segundo disse, devido a esta situação.
O caso do número elevado de professores a recorrerem à mobilidade especial foi noticiado pelo jornal Mensageiro de Bragança, no final de julho, num artigo que dava conta da alegada epidemia que terá incapacitado os docentes desta região.
O distrito de Bragança é no país um dos que concentra maior número de pedidos de Mobilidade por Doença, os antigos Destacamentos por Condições Específicas, e este ano a colocação dos professores beneficiados ocorreu antes do concurso nacional.
Além de estranhar toda esta situação, Nuno Alves considerou que "é suspeito haver de um momento para o outro quase 70% do universo dos professores do distrito de Bragança a pedirem condições específicas".
"E acho mais estranho quem defere esse tipo de situações que não pare primeiro para verificar o que é que se passa de facto", acrescentou.
Este docente considerou ainda injusto estes colegas ficarem à frente de outros que têm maior graduação.
"Tem de haver um critério, um certo formato justo para toda a gente, não só para um número privilegiado de pessoas", reclamou.
Lurdes Gonçalo é professora há 28 anos, trabalhou sempre no distrito de Bragança e agora tem de ir para fora. Foi colocada em Vila Real.
A docente remete para as juntas médicas e inspeção a verificação sobre se as doenças invocadas são verdadeiras ou não, mas defende que os professores colocados neste regime especial "podiam ocupar outras funções e não tirarem o lugar a outros colegas".
Já Jacinta Eugénio não foi colocada depois de 27 anos de serviço.
"Sentimo-nos humilhadas", afirmou, considerando este concurso da mobilidade especial "muito injusto" e reclamando que os professores doentes deviam "ocupar outras funções" e não "estar a tirar o lugar a colegas com muitos anos de serviço".
Lusa/SOL