Nelson Évora. ‘Ainda estou vivo’

O atleta português do triplo salto Nelson Évora, que conquistou uma medalha de bronze nos campeonatos do mundo de atletismo, em Pequim, assumiu na noite de segunda-feira que “está vivo”, contrariando as críticas que foi alvo antes da competição.

Em conferência de imprensa à chegada ao Aeroporto da Portela, o atleta português explicou o porquê de ter gritado o seu nome após o último ensaio, que lhe valeu a medalha de bronze no triplo salto.

"O que quis dizer com aquilo foi que ainda estou vivo, estou aqui. Serviu para tentar acordar a imprensa internacional, que já me dava como morto, já me punha de parte de todas as estatísticas e prognósticos das provas, pela minha idade, por tudo. Naquele momento, tive que gritar para todos ouvirem o meu nome: é Évora e estou sempre a lutar pelos lugares mais altos, não interessa quem lá esteja", assumiu.

Nelson Évora, que alcançou o último lugar do pódio com um último salto de 17,52 metros, numa "competição bastante dura" salientou a importância da medalha conquistada, depois das várias lesões que o afetaram.

"É super importante esta medalha, depois de tudo o que passei, depois de tantas lesões, de tanta gente sem acreditar. Agora, tenho de agradecer a todos os que me ajudaram, os médicos, os meus patrocinadores, a minha família, graças a eles me mantive vivo", frisou.

Évora olha agora para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, onde assume que vai "dar o melhor" para "trazer uma medalha", não esquecendo também os mundiais de pista coberta, que decorrem no mesmo ano, nos Estados Unidos.

Já João Ganço, treinador do único português medalhado nos mundiais, disse tratar-se de uma medalha especial, elogiando também as capacidades humanas do campeão olímpico Nelson Évora.

"(É uma medalha) especial, porque vi o Nelson em novembro com uma fratura de esforço e em março é campeão europeu. Tem de ser tudo gerido. Apostámos forte e felizmente chegámos lá, portanto foi uma aposta ganha. Nós trabalhamos muito em conjunto. Quando estou em baixo, ele levanta-me, quando ele está em baixo, eu levanto-o. Temos um comportamento próximo um do outro, tem sido uma ajuda reciproca, porque há momentos muito difíceis", explicou.

Por seu lado, Ana Cabecinha, quarta classificada nos 20 quilómetros marcha, também abordou o seu resultado, afirmando que gostava de voltar a competir "com as atletas russas, sem estarem dopadas", esperando esse reencontro nos Jogos Olímpicos de 2016, nos quais espera ter um bom resultado.

Lusa/SOL