Turistas no Gerês ‘usam e abusam’ da Proteção Civil

Grande número de turistas, em especial portugueses, “usa e abusa” das instituições da Proteção Civil e das forças de segurança, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, levando ao empenhamento desnecessário de meios operacionais, inclusivamente a falsos alertas de desaparecimentos, segundo apurou o SOL junto de fontes ligadas às várias entidades.

O caso mais recente, ocorrido há menos de uma semana, envolveu um jovem português, que estava acompanhado de um casal francês e que, ao não dar notícias suas, levou a família a participar o seu suposto desaparecimentos à GNR de Barroselas, em Viana do Castelo. As forças da Guarda, incluindo o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS), mobilizaram bastantes operacionais, também do seu destacamento da Póvoa de Lanhoso e dos postos do Gerês e de Terras do Bouro, quando afinal o trio não se deu ao trabalho de avisar que pernoitaria na aldeia de Ruivães, em Vieira do Minho.

Este Verão tem sido marcado na região do Gerês pela “vulgarização” do recurso à GNR e a outras forças de segurança e de proteção civil, conforme soube o SOL – incluindo-se aqui os casos de turistas que partem para atividades radicais, isoladamente ou em grupo, sem avisar as autoridades policiais ou do parque, que faz fronteira com a região espanhola da Galiza.

Apesar de serem aconselhados por responsáveis de parques de campismo e de unidades hoteleiras, muitos turistas, durante as últimas semanas, saíram para a Serra do Gerês, em percursos pedestres, ao final da tarde, quando se aproximam já o lusco-fusco e a noite, o que levou a que alguns se perdessem. À exceção de sinais no Trilho dos Miradouros – que eram pouco visíveis ou estavam cobertos pela vegetação, o que foi logo resolvido pela Câmara Municipal de Terras de Bouro –, quase todos os casos de turistas perdidos no Gerês teve a ver com a “negligência” e a “incúria”, numa zona que tem tanto de bela, como perigosa.

Estado nada cobra

Uma das razões que têm sido apontadas como estando na origem da “vulgarização” dos desaparecimentos terá a ver com o facto de, ao contrário do que sucede na maioria dos países europeus, em Portugal o Estado não cobra uma “taxa moderadora” a quem se perde por culpa do seu próprio desleixo ou mesmo por atos de negligência grosseira.

Segundo relataram ao SOL responsáveis de corporações de bombeiros do Minho, “uma vez salvos, quase todos os estrangeiros perguntam quanto têm a pagar pelos serviços de socorro e estranham muito quando lhes dizemos que não têm nada a pagar a ninguém”.