Um empate inevitável entre PS e PSD/CDS?

O conjunto das sondagens divulgadas nos últimos quatro meses aponta para uma ligeira supremacia do PS (39% contra 37% da coligação), um crescimento da CDU (para 10%) e uma quebra do BE (perto de 5%), além da perspectiva de novos concorrentes às legislativas, como o PDR ou o Livre/TA, poderem ter alguns representantes na próxima…

Partindo da média, relativamente estável, destes valores das sondagens, o SOL fez a distribuição provável dos deputados que serão eleitos em cada um dos 22 círculos eleitorais (18 distritos + 2 regiões autónomas + 2 círculos da Europa e Fora da Europa).

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A projecção desta estimativa aponta para um PS  a eleger mais 25 deputados (teve 74 eleitos em 2011), somando 99 no total. Os seus principais ganhos (como se pode ver no Mapa e Quadro ao lado) verificam-se em Lisboa (+4), Setúbal (+3), Faro (+3), Porto (+2) e em quase todos os distritos do litoral, mais urbanos e populosos. Os socialistas só não crescerão nos círculos do Alentejo (Beja e Évora), Interior Centro (Portalegre e C. Branco), Trás-os-Montes (Bragança e Vila Real) e Açores.

Em contrapartida, a coligação Portugal à Frente, de PSD e CDS, poderá deixar fugir 32 deputados (dos 132 que elegeu em 2011). Com as principais perdas a ocorrerem em Lisboa (-7), Porto (-4), Setúbal (-3), Coimbra (-3) e Braga (-3) – ou seja, nos maiores centros urbanos. psd e cds somam, nesse cenário, um total de 100 deputados, mais um do que o PS  apesar de terem menor percentagem de votantes (37% contra 39%).

Dois problemas inéditos

Esta situação de empate  levanta, pelo menos, dois problemas difíceis de ultrapassar. Em primeiro lugar, cria um quadro constitucionalmente inédito, em que o partido mais votado não é a força que tem mais deputados. Deve o Presidente chamar a formar Governo o líder da coligação, Passos Coelho, ou do PS, António Costa? Há opiniões e pareceres a favor de ambas as hipóteses.

Em segundo lugar, em qualquer dos casos, o Governo, seja do PS ou do PSD/CDS, fica longe dos 116 deputados necessários para a maioria absoluta. E só os eventuais 22 eleitos pelo PCP poderiam ajudar a formar essa maioria através de uma aliança – o que é uma impossibilidade política.

Este cenário – de empate e de impasse – só poderá ser ultrapassado se os resultados eleitorais de um dos blocos – PSD/CDS ou PS – superar bastante as actuais expectativas das sondagens. E consolidar a sua votação sobretudo em Lisboa, Porto, Braga e Setúbal – que elegem só por si 123 deputados, mais de 50% do total.

 

jal@sol.pt