O Novo Banco tem outro problema sério: tem, potencialmente, dezenas de processos judiciais contra si. As pessoas que investiram no papel comercial e que tudo perderam fazem ouvir bem alto a sua voz. O Banco de Portugal acha que a responsabilidade de as reembolsar pertence ao Banco Espírito Santo (o “banco mau”), já a CMVM acha que a responsabilidade de reembolsar estas pessoas pertence ao Novo Banco. Esta é também a minha opinião, mas o caso irá, certamente, parar aos tribunais.
Quem não perdeu tempo foi um dos gigantes da banca de investimento mundial (penso mesmo que é o maior do mundo), o Goldman Sachs, que já colocou um processo judicial em Londres contra o Novo Banco para se ver ressarcido de activos que o Banco de Portugal deixou no Banco Espírito Santo.
Em suma, o Novo Banco poderá ter de pagar centenas de milhões de euros em indemnizações, e isso faz baixar o seu preço de venda, além de colocar incerteza nas negociações.
Um adiamento da venda do Novo Banco será sempre visto como um fracasso político da coligação PSD/CDS, por mais que estes tentem empurrar a responsabilidade para o Banco de Portugal. O primeiro-ministro e a ministra das finanças disseram repetidas vezes que a criação do Novo Banco não iria custar um cêntimo aos portugueses, uma afirmação que lhes pode sair cara.
O dinheiro em falta relativamente aos 4.900 milhões de euros emprestados pelo Estado para criar o novo banco irão fazer subir, a posteriori, o défice público de 2014. E o adiamento da venda, segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, pode fazer com que Portugal tenha de se endividar mais, já este ano. A falência do BES foi de facto um desastre, que estamos agora a começar a pagar.
E, com estas notícias negativas todas, ninguém está na cadeia. Mais célere é a justiça dos Estados Unidos, onde o Sr. Madoff, responsável pela maior fraude financeira de sempre, foi imediatamente preso, rapidamente julgado, e cumpre agora uma pena de 150 anos de prisão.