Cada um no seu canto, os músicos começaram então a gravar excertos de ideias, instrumentais mais completos e experiências unindo sonoridades digitais e acústicas. Os registos circulavam depois com muitas trocas de email, ao ponto de terem “uns seis, sete temas praticamente concluídos” um mês depois, quando se juntaram em estúdio para “lapidar” o disco. “Percebemos muito cedo que estávamos a compor na mesma direção”, diz Gabriel. Tanto que, às tantas, depois de enviar qualquer gravação, Varatojo ficava imediatamente na expectativa: “O que virá de lá?”.
A vontade de fazer um disco eletrónico surgiu há um ano, quando Varatojo maquinou uma miniorquestra com iPads para tocar nos transportes públicos durante as festas de Lisboa de 2014 e convidou Gabriel para participar. Numa dessas apresentações, num autocarro, algumas miúdas começaram de forma espontânea a dançar e, daí até que a eletrónica dominasse as conversas, foi um instante. “Porque não testar os nossos instrumentos no domínio da dança?”, questionaram-se, dando o mote a Fandango.
O impulso para fundirem a guitarra portuguesa de Varatojo e o acordeão de Gabriel Gomes a batidas próprias das pistas de dança também acabou por se manifestar devido às referências musicais dos instrumentistas. Tendo crescido na década de 1980, quando a pop mais apetecível que chegava até à capital eram projetos como Joy Division ou Happy Mondays, fazer experiências com sintetizadores sempre foi um ato mais ou menos natural. E apesar de “os temas serem todos dançáveis, mesmo que uns sejam mais lentos do que outros”, os Fandango definem o trabalho como “um disco de pop sobre dança”.