“Um sistema socioeconómico mau e injusto, porque dentro de um sistema económico, dentro de tudo, dentro do mundo – falando do problema ecológico –, dentro da sociedade socioeconómica, dentro da política, o centro tem de ser sempre a pessoa. E o sistema económico dominante, hoje em dia, descentrou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, que é o ídolo da moda”, disse aos ouvintes da Renascença, acrescentando: “Temos que tratar as causas, onde há fome temos que criar fontes de trabalho, onde há guerra é preciso trabalhar pela paz. Hoje em dia, o mundo está em guerra contra si mesmo, uma guerra em folhetim, aos pedaços, que está a destruir a Terra, a nossa casa comum”.
{relacionados}
Sobre a forma como estes refugiados estão a ser recebidos na Europa, e a propósito de todas as questões que se têm levantado, o líder da Igreja Católica reconhece que “as condições de segurança territorial não são as mesmas de outra época” e que neste processo de acolhimento “pode haver o risco de uma infiltração terrorista”. Para além, ainda, dos problemas de desemprego grave que enfrentam os países europeus para os quais estas pessoas estão a fugir, acrescenta. “Ou seja, misturam-se muitas coisas. Nisto, não podemos ser simplistas”, reconhece o Papa. Contudo, Francisco considera que a resposta tem de ir na linha do mandamento que vem citado na Bíblia: “Moisés disse ao seu povo: “Recebei o forasteiro porque não esqueçais que vós fostes forasteiros no Egipto”“.
O Papa considerou que a crise dos refugiados “é uma surpresa” para a Europa, que enfrenta o desafio de recuperar o seu papel central entre as outras nações. “A Europa tem uma cultura excecional, são séculos de cultura e isso dá bem-estar intelectual. A Europa não morreu, está 'meio avózinha' e é tempo de voltar a ser mãe (…) de recuperar a sua identidade”, sublinhou.