Cerca de 15 polícias fardados de azul colocaram-se na ferrovia diariamente atravessada por milhares de migrantes que pretendiam entrar na Hungria, para impedir a sua passagem, enquanto outros polícias estendiam arame de um lado ao outro da via, segundo a mesma fonte.
Pela passagem da via-férrea de Röszke, com cerca de 40 metros de largura, tem a quase totalidade dos migrantes entrado na Hungria desde a construção, ordenada por Budapeste, de um muro com arame farpado ao longo dos 175 quilómetros da fronteira sérvia.
A Hungria põe na próxima terça-feira em vigor uma nova legislação destinada a tornar a sua fronteira com a Sérvia impossível de franquear para os migrantes.
De acordo com a AFP, os migrantes procedentes da Sérvia que hoje ali chegaram começaram a chorar ao ver que a passagem lhes estava vedada.
A Hungria deixou já de registar os milhares de migrantes que entraram no país vindos da Sérvia e está a transportá-los diretamente para a fronteira com a Áustria, indicou hoje o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Migration Aid, cerca de 8.000 pessoas foram transportadas da aldeia húngara de Röszke hoje de manhã, numa aparente tentativa para esvaziar o país de migrantes.
"A informação que temos é a de que comboios especiais estão a levar os migrantes da estação ferroviária de Röszke diretamente, sem parar, para a fronteira austríaca", disse Erno Simon, porta-voz húngaro da Representação Regional na Europa Central do ACNUR.
O responsável indicou que é "uma viagem de aproximadamente quatro horas" e que no domingo "partiram três comboios desses transportando pelo menos 2.000 pessoas".
"Durante a noite, os nossos colegas viram polícias a acordar pessoas na estação", acrescentou.
A porta-voz do grupo Migration Aid, Zsuzsanna Zsohar, disse hoje que 8.000 pessoas foram levadas de dois campos de refugiados e de um ponto de recolha em Röszke, de comboio e autocarro, provavelmente para a fronteira com a Áustria ou para outros campos perto da fronteira húngara.
"Começou por volta das 03:00 (02:00 de Lisboa) e, ao meio-dia, as únicas pessoas que se encontravam no ponto de recolha eram os recém-chegados, que apareciam em grupos de dez pessoas", afirmou Zsohar.
"O plano do primeiro-ministro, Viktor Orban, está a correr bem, a Hungria está quase vazia de migrantes, todos os campos estão quase desertos, toda a gente está a partir para a fronteira, restam talvez alguns milhares em todo o país", referiu a porta-voz.
Lusa/SOL