Passos antecipa-se a governador e confirma adiamento da venda do Novo Banco

Pedro Passos Coelho tem remetido a responsabilidade pela resolução do Banco Espírito Santo e venda do Novo Banco para o governador do Banco de Portugal. Mas hoje antecipou-se ao comunicado oficial do supervisor bancário, ao confirmar a suspenção do atual processo em curso desde 4 de dezembro.

O primeiro-ministro confirmou a notícia avançada na passada sexta-feira pelo SOL e Diário Económico e reiterada hoje pelo Financial Times. O primeiro processo para a venda do Novo Banco falhou. O Banco de Portugal não conseguiu chegar a um acordo com os potenciais candidatos à compra da entidade que herdou os ativos saudáveis do BES.

“Uma vez que o Banco de Portugal entende que esta não é a melhor oportunidade, nós respeitamos a decisão do Banco de Portugal", referiu Pedro Passos Coelho.

Em declarações aos jornalistas em Portalegre, o primeiro-ministro reiterou a sua confiança no governador, afirmando estar “convencido” de que a decisão do supervisor é a “que melhor protege o sistema bancário português”.

Passos Coelho aproveitou ainda para responder às críticas da oposição, garantindo que o governo nunca fez pressão para que a venda do banco de transição fosse concluída antes das eleições, marcadas para 4 de outubro. “Nunca fizemos tal pressão. Espero que agora não nos acusem de aconselhar o Banco de Portugal a fazer a venda depois das eleições”, ironizou.

O primeiro-ministro antecipa-se desta forma ao supervisor bancário, que mantém o silêncio desde sexta-feira. Carlos Costa não confirmou nem desmentiu a notícia do SOL e do Diário Económico, referindo apenas que "oportunamente divulgará o resultado do processo negocial que está a desenvolver para concretizar a venda do Novo Banco".

Ao que o SOL apurou e tal como revelou na última edição, o Banco de Portugal considera que só a partir de novembro estarão reunidas as condições para vender o banco de transição a preços e condições contratuais aceitáveis. Assim, o novo dono da instituição que herdou os ativos saudáveis do BES só será conhecido na próxima legislatura.

A incógnita quanto aos resultados dos testes de stresse e da avaliação de ativos do Novo Banco que o BCE está a fazer é a principal razão a comprometer o sucesso do atual concurso.

Sem uma noção exata de quanto será necessário injetar na instituição, as reservas dos compradores tornaram-se evidentes.

A instituição de transição já está a trabalhar com o supervisor bancário europeu e os resultados do exercício terão de ser divulgados até ao final do ano, embora sejam esperadas novidades ainda no mês de novembro.

O fracasso das negociações com a Anbang – primeiro qualificado para as negociações exclusivas à compra do Novo Banco -, ditou o rumo do processo que se arrasta há nove meses.