Aylan Kurdi Caravan leva 50 toneladas de ajuda portuguesa aos refugiados

No centro de Loures, dezenas de voluntários fazem os últimos preparativos para a partida da caravana que vai levar mais de 50 toneladas de donativos de portugueses para os refugiados na Croácia. São alimentos, roupa, medicamentos ou produtos de higiene que chegaram de todo o país em menos de uma semana e seguirão de camião…

“Ainda estamos a separar produtos, a encher e a fechar caixotes. A resposta ao nosso apelo foi esmagadora”, conta ao SOL a empresária Maria Miguel Ferreira, uma das dez pessoas que forma a equipa mentora do projeto, que “não conseguia ficar parada” perante a tragédia humanitária na Europa.

Tudo começou com um desabafo de um amigo, João, no Facebook chocado com a forma como os refugiados estavam a ser tratados pelas autoridades húngaras. Anunciou então que estava disposto a partir para aquele país para levar ajuda aos migrantes. Vários amigos e conhecidos aderiram à ideia e foi criada uma página nas redes sociais para a iniciativa: Aylan Kurdi Caravan, que leva o nome da criança síria que tentou entrar na Europa e foi encontrada morta numa praia da Turquia, cuja imagem correu mundo.

A partir daí a adesão não parou de crescer. Ao longo da semana foram recolhidos apoios de várias empresas e de centenas de voluntários que ajudaram a divulgar, mas também a garantir a recolha, transporte, separação e etiquetagem de todos os bens doados.

E em vez de algumas camionetas com ajuda, vão sair amanhã de Loures três camiões TIR carregados com bens de primeira necessidade para os refugiados, que chegaram de 30 centros de recolha espalhados pelo país.

Há também muitos brinquedos, sobretudo peluches, para entregar às famílias refugiadas com crianças. Algumas das ofertas vêm acompanhadas por desenhos e mensagens em inglês, como as de Clara: “Espero que gostem de brincar com os meus brinquedos”, escreve.

Inicialmente o objetivo da caravana era partir para a Hungria, mas o fecho das fronteiras naquele país obrigou o grupo a mudar o destino final. “Contamos distribuir esta ajuda na Croácia”, explica Maria Miguel Ferreira, lembrando que partiram já esta tarde quatro membros do grupo de portugueses de avião para Zagreb, para prepararem a chegada dos camiões e acompanharem a evolução da situação no terreno.

Para evitarem ficar parados nas fronteiras, Maria Miguel, Miguel e João levam “cartas de boa vontade das embaixadas e da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR)”, explica. Contam chegar ao seu destino na próxima terça-feira se tudo decorrer sem incidentes. “Partimos preocupados com a evolução da situação, mas foi-nos dito pelas organizações na Croácia que a nossa ajuda é necessária e bem-vinda”, conclui.

joana.f.costa@sol.pt