O tema de discussão passou a ser o lado supostamente artificial de Lana Del Rey, ostensivo na persona que criou de mulher fatal, ora cruel, ora frágil. A rejeição dos devotos iniciais não beliscou, porém, a aclamação da artista junto do público mainstream, e o primeiro longa-duração vendeu mais de sete milhões de cópias no mundo inteiro.
Foi no ano passado, quando lançou “Ultraviolence”, que a cantora desfez todas as dúvidas. Além de confirmar que tinha uma voz própria, Lana Del Rey também provou que o seu imaginário retro e exuberante tinha material suficiente para acrescentar algo ao mundo da pop. Esse passo em frente foi alcançado com a ajuda de Dan Auerbach, o guitarrista e vocalista dos Black Keys, que assinou a produção de “Ultraviolence”, conseguindo equilibrar o universo assombrado de Lana Del Rey, com um classicismo digno de aplausos tanto da crítica, como de quem se rendeu ao facilitismo da estreia.
Pouco mais de um ano depois de “Ultraviolence”, chega hoje às lojas o terceiro disco da artista, intitulado “Honeymoon”. O que sobressai numa primeira audição é o excesso de baladas, com a melancolia e o som orquestral habitual da cantora a dominar o registo. O ritmo lento das 14 canções mantém ainda a interpretação sofisticada de Lana Del Rey, que continua a explorar as suas obsessões nas letras: o culto da celebridade, a inaptidão para o amor, a atração pelo abismo…
O arranque – com canções como ‘Honeymoon’, ‘Music to watch boys to’ e ‘Terrence Loves You’ – cativa, mas o efeito não se prolonga durante muito mais tempo e, a meio do disco, instala-se um certo tédio. Lana Del Rey soa solitária de uma forma como não a ouvimos antes, e a ausência de flutuações do trabalho torna-o absolutamente monocórdico.