Fixemo-nos na sondagem do Expresso de hoje-ontem (já que parece mais séria e cuidada do que as das TVs e outros órgãos que têm vindo a público). O PS arrisca-se a ter mais votos do que a coligação eleitoral, mas esta poderá ficar ainda assim com mais algum deputado. No entanto, a mesma sondagem indica que a grande maioria dos entrevistados considera António Costa mais confiável do que Passos Coelho, e prefere-o para primeiro-ministro. E mesmo assim não vai esmagá-lo o não preferido?
Pessoalmente, prefiro esperar pelos resultados de 4 de Outubro, e fazer prognósticos só com o resultado final do jogo. Não quero ser como os que sem a menor lucidez, alardeiam vitórias onde mais ninguém as vê, só por as quererem.
Já percebeu, quem se dá ao trabalho de me ler, que gosto tanto de Passos como de Sócrates, e aproveito as eleições, como Popper dizia, mais para afastar as pessoas que me parecem erradas, do que para eleger as que vejo como certas (como não há meio de as ver, portanto vou andando pelo mal menor). Por isso mesmo não me quero enganar. Mas devo dizer que fiquei muito satisfeito com a sondagem do Expresso, que me leva a acreditar numa vitória de Costa.
De resto, a suposta vitória da coligação será sempre de Pirro. Porque PSD e CDS, mesmo juntos, nunca ficarão sequer próximos da maioria absoluta (ninguém, nem eles próprios, o prevê): E Costa já assegurou não ter a intenção de lhes aprovar OE, ou apoiar nos cortes que querem fazer na Segurança Social. Não vejo portanto como poderão governar. E suponho que eles também não, e assumi-lo-iam se não achassem trivial mentir em campanhas eleitorais. Até fico satisfeito se a derrota levar o PSD e o CDS a caminhos mais próprios da sua história, com novos dirigentes.
Percebo que a esquerda nacional não tem sido nada realista com os seus deputados, e que por isso talvez não os mereça. A não ser que finalmente perceba a vantagem de influenciar um Governo, e pertencer-lhe (sempre dentro do apoio popular que tiverem, e nunca acima disso, mesmo esperando que não renunciem às suas grandes posições éticas).
Isto sou eu a pensar, tão longe quanto consigo.