320 mil imigrantes resolviam défice da Segurança Social

Num país envelhecido como Portugal, a chegada de famílias estrangeiras tem um efeito benéfico nas contas públicas, sobretudo na Segurança Social. Com o envelhecimento da população nacional, seria necessário o equivalente a descontos de 320 mil imigrantes só para colmatar o défice anual da Previdência (o número de migrantes que acorreu à Europa desde o…

Com cada vez mais pessoas na reforma e menos jovens a trabalhar, geram-se desequilíbrios crescentes nas contas do Estado. Há mais reformas para pagar, mas os descontos para a Segurança Social são cada vez mais escassos. O Financial Times escreveu recentemente que Portugal atravessou a “tempestade demográfica perfeita”, com uma baixa taxa de natalidade, anos de recessão e uma onda de emigração.

A chegada de famílias estrangeiras que se fixassem no país ajudaria o país a colmatar esta falha, já que Portugal está longe do equilíbrio financeiro. Um exercício aritmético ajuda a demonstrar a insuficiência de recursos. No ano passado, o Orçamento do Estado teve de canalizar mais de 1,3 mil milhões de euros para para cobrir o défice da Segurança Social.

Um ‘buraco’ desta dimensão é o equivalente às contribuições adicionais que a Segurança Social receberia se houvesse cerca de 320 mil imigrantes a trabalhar no país – assumindo o pressuposto de que os empregadores e trabalhadores fariam descontos sobre o salário médio dos imigrantes no país, de 855 euros, segundo um estudo do Banco de Portugal.

Vaga de refugiados beneficia Portugal

Vários relatórios do Observatório das Migrações têm notado o efeito positivo da imigração e, na Europa, há até quem aponte que a Alemanha está mais disponível para receber refugiados devido a esta questão. A sociedade germânica é, como Portugal, uma das que estão a envelhecer mais rapidamente. Um estudo da Fundação Bertelsmann calculou este ano que, sem imigrantes, a força de trabalho no país iria passar de 45 milhões para 29 milhões – um declínio de 36%.

“A Alemanha não pode confiar apenas na elevada imigração de países da União Europeia. Tem de definir um novo rumo para tornar-se mais atrativa também para países do terceiro mundo”, sublinhou Jörg Dräger, administrador da fundação, na apresentação do estudo.

Em entrevista ao SOL, o economista Luís Aguiar-Conraria assume que a economia portuguesa beneficiaria mais do que a alemã se recebesse uma vaga de milhares de refugiados: “É dos casos em que sermos solidários é compatível com sermos egoístas. É uma pena se não aproveitarmos”.

joao.madeira@sol.pt