Paula Calisto partiu

Paula Calisto deixou-nos. Trabalhou no Expresso, onde secretariou Francisco Pinto Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto de Carvalho – e eu próprio. Era uma mulher bonita, alegre, bem vestida, leal, espontânea, incapaz de trair um amigo.

Paula Calisto deixou-nos. Trabalhou no Expresso, onde secretariou Francisco Pinto Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto de Carvalho – e eu próprio. Era uma mulher bonita, alegre, bem vestida, leal, espontânea, incapaz de trair um amigo.

Lutava pelo que acreditava. Quando a redação do Expresso era de esquerda, dominada pelo MRPP, colocou no placard atrás dela uma foto de Sá Carneiro.

Além do trabalho de secretariado, tinha uma rubrica de moda na Revista do Expresso e todos os anos se deslocava, entre outros locais, a Paris, para cobrir o maior desfile de moda do mundo.

Saiu do Expresso depois de eu sair, e trabalhou como colaboradora do SOL, assinando uma rubrica que fez história: as Famílias Numerosas.

Passou a visitar-nos com regularidade no edifício da Rua de S. Nicolau, onde estavam muitos dos seus amigos.

Conversei com ela a última vez há um ano. Telefonou-me a dar os sentimentos pela morte da minha mãe. Ouviu com atenção as minhas explicações como tudo se tinha passado, e no fim pediu-me desculpa por não ter ido ao funeral. "É que também não tenho passado bem. Detetaram-me um cancro no pâncreas".

Fiquei sem fala. Disse-lhe umas palavras de circunstâncias que nada adiantaram. Ontem, o marido, Alberto Oliveira, meu colega arquiteto, que foi meu contemporâneo na Escola de Belas-Artes, deu-me a notícia já esperada. A Paula tinha 66 anos.

jas@sol.pt