Para além dos horários totalmente desregulados e da vida boémia que dificulta relacionamentos e prejudica a imagem, quer profissional quer pessoal , trabalhar e manter o profissionalismo onde outros se divertem não é assim tão simples. Para além de ter que se lidar com pessoas fora do seu estado normal, seja pelo relaxamento que aplicam fora do trabalho, através do álcool e até das drogas – aquilo que seria uma simples conversa, negociação ou trato com um cliente torna-se num verdadeiro ‘bico de obra’.
Nos anos que levei a trabalhar no ramo, aprendi que à noite se fala o menos possível de negócios e que se deve evitar confrontos, discussões de qualquer índole ou explicações que se possam tornar ‘caminhos enviesados’.
Hoje, mesmo quando as pessoas são menos corretas, quando tentam usar subterfúgios para justificar os seus erros ou projetos menos consolidados, ataques pessoais ou maneiras de nos rebaixarem no nosso meio profissional, mesmo com contratos, cada vez mais uso o silêncio como arma. Aprendi que devemos ser superiores a isso, desempenhar sempre o nosso papel da melhor forma que sabemos até ao fim.
E nesse fim, aí sim, quando passamos por este ‘cabo das tormentas’, chegamos à altura em que nos apetece denunciar pessoas e comportamentos, atitudes e inverdades mas é precisamente nesse momento em que a tentação é maior que nos devemos salvaguardar.
Agarrarmo-nos ao nosso mais forte silêncio e à certeza que fizemos o que tinha de ser feito dá-nos legitimidade para olhar em frente, com confiança, e para trás com alívio. E em vez de gastarmos energias em guerras e confrontos usar essa força interior para construirmos algo novo e para seguirmos o nosso trajeto com quem acredita em nós e nos permite mostrar o melhor que sabemos fazer. Porque já a minha mãe me dizia: Nunca sabemos o dia de amanhã, e por isso, hoje, o melhor é sairmos de onde não nos sentimos bem de cara lavada e sorriso no rosto…Porque já dizia o ditado: «Depois de mim virá quem de mim bom fará»…!