No final de uma reunião de uma hora à porta fechada com o Conselho de Administração e os diretores de serviço da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) disse aos jornalistas que Portugal tem dois problemas demográficos: "uma taxa de natalidade que tem vindo a descer e o problema da emigração, que tira do país a população ativa que é também a população em idade de ter filhos".
"Precisamos, em Portugal, de apoios à infância a sério: creches públicas. As creches em Portugal são mais caras do que as propinas da universidade. Precisamos de creches públicas, é preciso apoio, não podemos ter as crianças de 4 anos a pagar o mesmo passe de autocarro de um adulto, precisamos de abono família", enumerou.
Além destes apoios, na opinião da bloquista o emprego e o salário são as primeiras medidas para haver mais natalidade em Portugal e assim resolver o problema demográfico do país.
"Em 2015, nós, no primeiro semestre, já temos o défice quase ao dobro daquilo que era a meta para o final do ano. E a direita, que gosta tanto de utilizar os exemplos das famílias quando fala do défice e da dívida, talvez gostasse de responder à pergunta: se uma família ao dia 15 do mês já tivesse gasto muito mais do que o salário que entra em casa, como é que ia chegar até ao dia 30?", atirou, voltando ao tema do défice.
Catarina Martins criticou a decisão do Governo de que "era muito mais importante cumprir metas que eram impossíveis de cumprir e pagamentos de dívida que eram claramente exagerados para as possibilidades", em vez de investir em setores estruturais.
"Perdemos capacidade, perdemos gente, estamos a entregar os milhares de milhões de investimento na formação destes profissionais [médicos e enfermeiros] ao setor privado ou ao estrangeiro e as contas públicas estão completamente descontroladas", condenou.
Sobre aquilo que é preciso fazer para recuperara estes profissionais de saúde, a porta-voz do BE defendeu que é preciso "aprender com o que aconteceu".
"Se cortar salários, se cortar nas carreiras, significou um PIB mais pequeno, recessão em Portugal, incapacidade de cumprir os compromissos, está na altura de fazer o avesso. Permitir carreiras e salários", concretizou.
Lusa/SOL