Jardel ainda é caso único no cerco dos ‘tubarões’

António Oliveira mandou-o entrar em campo e disse-lhe que ia  marcar um golo. Mário Jardel respondeu-lhe que faria dois e não se enganou. A 11 de setembro de 1996, o FC Porto saía de San Siro com um precioso triunfo sobre o AC Milan (3-2), naquela que ainda hoje é a única vitória de clubes…

É um dado irrefutável: quer o FC Porto, com 19 presenças anteriores na primeira fase da prova-rainha da UEFA, quer o Benfica, com 10 participações, nunca se deram bem nas visitas ao cabeça de cartaz do grupo. Nem antes nem depois do referido jogo em Milão, que assinalou a estreia de Jardel nas competições europeias, as duas equipas nacionais mais assíduas na Champions lograram somar os três pontos no reduto dos ‘tubarões’.

A história é um pouco mais simpática para FC Porto e Benfica quando enfrentam perante os seus adeptos as equipas de topo do futebol europeu.

Nessa condição, os dragões já vergaram Ajax (1998/99), Real Madrid (99/2000), Inter de Milão (2005/06), Arsenal (2008/09) e Paris Saint-Germain (2012/13), além do Chelsea de José Mourinho, logo na época seguinte ao treinador se ter mudado da Invicta para Londres (2004/05). Na ocasião, os blues chegaram já com o apuramento garantido e a vitória portista por 2-1, com golos de Diego e McCarthy, ditaria também a passagem do clube português aos oitavos-de-final.

Anos mais tarde, em 2009/10, o reencontro com o Chelsea deixou um amargo de boca em duplicado, com derrotas nos dois jogos. Aconteceu o mesmo frente ao AC Milan em 1992/93, ao Real Madrid em 1997/98 e ao Atlético de Madrid em 2013/14.

Este último é o próximo obstáculo no caminho do Benfica e uma vitória na capital espanhola, na próxima semana, resultaria numa proeza inédita. Até hoje, os encarnados nunca venceram nas deslocações ao terreno do adversário mais sonante da fase de grupos. O melhor que alcançaram foram empates com o Barcelona (0-0 em 2012/13), o Manchester United (2-2 em 2011/12) e o PSV Eindhoven (2-2 em 1998/99).

Tal como o FC Porto, em casa o saldo é mais favorável ao clube da Luz. Num total de 20 partidas frente aos rivais poderosos, foi na pele de anfitrião que o Benfica somou as cinco vitórias que contabiliza, entre as quais se destacam o 2-1 ao Paris Saint-Germain (2013/14), o 4-3 ao Lyon (2010/11) e o 2-1 ao Manchester United (2005/06).

Frente aos ingleses, valeram os golos brasileiros de Geovanni e do improvável Beto, um médio que chegara à Luz proveniente do Beira-Mar e com quem o técnico Ronald Koeman pouco contava. O tiro certeiro do habitual suplente virou o resultado (Paul Scholes tinha adiantado os red devils) e deixou Alex Ferguson e o adjunto Carlos Queiroz incrédulos no banco do United, que ficaria pelo caminho enquanto o Benfica seguia em frente para a fase a eliminar.

Na época seguinte, Ronaldo, Rooney e companhia vingaram-se, infligindo duas derrotas aos encarnados, o que só voltaria a acontecer frente ao Zenit, na temporada passada. O Benfica acumula cinco triunfos, seis empates e nove derrotas em jogos da fase de grupos perante os ‘tubarões’, ao passo que o FC Porto, num total de 38 embates com estes clubes na mesma fase, coleciona nove vitórias, oito empates e 21 derrotas.